Presidente da Câmara dos Deputados defende mais espaço para parlamentares na reforma ministerial e diz que a união da base depende de Lula

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem ressaltado a aliados que uma eventual reforma ministerial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve contemplar a inclusão de nomes que representem mais diretamente os interesses do Congresso Nacional.

Nas últimas semanas de seu mandato como presidente da Casa, Lira tem defendido enfaticamente uma maior presença de Lula junto aos parlamentares, incentivando o presidente a adotar uma postura mais participativa em diálogos e eventos, como ocorria em seus dois primeiros mandatos.

Em relação às mudanças previstas na composição ministerial, Lira tem criticado a atual distribuição de pastas, argumentando que o PT, apesar de ocupar ministérios de grande relevância, detém apenas 12% dos votos do plenário.

Ele também aponta insatisfação com a situação do PSD, partido que possui três ministérios, mas nenhum considerado “forte” ou estratégico, do ponto de vista da Câmara. Atualmente, André de Paula (PSD) representa a legenda na Esplanada como titular do Ministério da Pesca e Aquicultura, posição que não é vista como de alto impacto político.

Lira tem reforçado que ajustes nesse sentido, aliados a uma maior interlocução direta de Lula com os parlamentares, poderiam evitar episódios como o ocorrido na votação do pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A proposta enfrentou resistência na Câmara, evidenciando, segundo Lira, a necessidade de um alinhamento político mais robusto.

Frustrações

Às vésperas de encerrar seu mandato em fevereiro, Arthur Lira não esconde suas frustrações com dois temas que não avançaram durante seus quatro anos à frente da Câmara: o projeto de regulação das redes sociais e a proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa alterar a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Esta última é especialmente polêmica, sendo vista pelos procuradores como uma ameaça à autonomia do órgão.

Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito para suceder Lira na presidência da Câmara, herdará a tarefa de lidar com esses dois temas complexos, além de outras demandas delicadas.

Anistia

Entre os desafios previstos para o próximo presidente, está a condução dos debates sobre o projeto de anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Lira, ao ser questionado, tem afirmado que o tema “não está morto”, mas destaca que caberá a Motta a difícil tarefa de decidir o momento ideal para colocá-lo em pauta, evitando agir sob pressão ou em meio a tensões políticas exacerbadas.

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