Navio americano abate caça do próprio país por engano no Mar Vermelho

Em um episódio que destaca a crescente complexidade e perigo das operações militares no Mar Vermelho, um navio de guerra dos Estados Unidos abateu, no domingo (22), um caça do próprio país durante uma patrulha na região. Os dois pilotos a bordo da aeronave sobreviveram, segundo informou o Comando Central das Forças Armadas americanas.

O incidente ocorreu logo após a decolagem de um F/A-18 Super Hornet do porta-aviões USS Harry S. Truman, que lidera um grupo de ataque estacionado na região. O avião participava de uma missão para bombardear alvos controlados pelos rebeldes houthis no Iêmen. O cruzador USS Gettysburg, parte do mesmo grupo, disparou erroneamente contra o F/A-18, de acordo com fontes militares. As autoridades não divulgaram detalhes sobre o erro, e investigações foram abertas para apurar as causas do erro.

Contexto regional

O conflito no Mar Vermelho se intensificou após o aumento dos ataques dos rebeldes houthis a navios mercantes e militares. Alinhados ao Irã, os houthis se mobilizaram para apoiar o Hamas na esteira da guerra decretada por Israel na Faixa de Gaza, em resposta a um ataque terrorista do grupo palestino Hamas em outubro do ano passado. Desde então, mais de cem ataques a embarcações foram registrados, causando uma disrupção significativa no comércio marítimo global.

O impacto nas rotas comerciais, especialmente no Canal de Suez, elevou os custos de frete. Dados do índice FBX, da Freightos, mostram que o custo de transporte de contêineres de 40 pés saltou de US$ 1.000 para até US$ 5.000 no auge dos ataques, e atualmente está em US$ 3.600.

Ataques e repressão militar

No sábado (21), um míssil balístico disparado pelos houthis atingiu o sul de Tel Aviv, em Israel, ferindo 23 pessoas. A falha no sistema de defesa israelense Arrow permitiu o ataque, o que intensificou as tensões na região. Em retaliação, Israel bombardeou alvos no Iêmen, incluindo o porto de Hodeidah, considerado estratégico pelos rebeldes.

Os Estados Unidos também intensificaram suas operações militares. Desde a chegada do grupo liderado pelo Truman ao Mar Vermelho, ataques a alvos na capital iemenita, Sanaa, buscaram destruir arsenais de mísseis e drones fornecidos pelo Irã aos houthis. Analistas apontam que as ações americanas representam a maior mobilização naval do país desde a Segunda Guerra Mundial.

O abate acidental do F/A-18 é a primeira baixa significativa dos EUA nessa escalada de tensões. A aeronave, uma das principais da frota americana, está prevista para ser substituída pelo moderno F-35, que já é utilizado por Israel em suas operações contra os houthis.

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