Cotação errada do dólar: governo pede que Google adote medidas para prevenir “desordem informacional econômica”

A Advocacia-Geral da União (AGU), em ofício enviado ao Google nesta quinta-feira (26), recomendou que a plataforma adote medidas para prevenir a “desordem informacional econômica”. Na quarta-feira (25), a plataforma informou errado o valor de negociação do dólar – chegou a exibir R$ 6,38. No entanto, o mercado de compra e venda de dólares havia fechado no dia 23 de dezembro, com a moeda cotada a R$ 6,18. Após isso, o Google suspendeu a ferramenta.

“A atuação da Advocacia-Geral da União (AGU) tem como objetivo combater a desinformação de dados econômicos de grande relevância para a sociedade brasileira. Recentemente, informações de fontes desconhecidas sobre a cotação real do dólar foram novamente veiculadas na plataforma Google. O cambio Ptax é a cotação oficial no Brasil, nao definido nesta quarta-feira pelo Banco Central devido ao feriado”, afirmou o ministro-chefe da AGU, Jorge Messias.

No ofício, endereçado ao diretor-geral do Google no Brasil, Fábio José Silva Coelho, a AGU diz que a plataforma tem a necessidade de “observância de dever de cuidado na publicação de informações relacionadas a dados econômicos”. A AGU também solicitou à plataforma que disponibilize as informações com a indicação de forma explícita das fontes de dados financeiros.

O órgão também pediu que a plataforma reforce em suas políticas internas de relação com os usuários a importância da integridade da informação para proteger os investidores populares, que costumam acessar o buscador para tomar decisões de negócios.

“Destaca-se que a desordem informacional pode ter potencial de interferir na percepção do mercado ou de pequenos investidores, e pode comprometer a eficácia de política pública federal de estabilização cambial”.

Em nota enviada nesta quinta, o Google disse que os dados em tempo real exibidos na busca “vêm de provedores globais terceirizados de dados financeiros”. “Trabalhamos com nossos parceiros para garantir a precisão e investigar e solucionar quaisquer preocupações”, complementa a plataforma.

A pressão sobre o dólar se intensificou a partir do fim de novembro, após a repercussão negativa do mercado à apresentação do pacote de corte de gastos do governo federal junto da proposta de isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil.

O clima piorou nas últimas semanas com a tramitação das propostas no Congresso e o risco de desidratação das medidas. O clima fez a divisa bater uma série de máximas históricas, com pico de R$ 6,26. O BC fez uma série de leilões nas últimas sessões em meio ao aumento da cotação. Um novo leilão à vista de até US$ 3 bilhões está previsto para esta quinta.

Na semana passada, o Congresso aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e os dois projetos de lei do pacote fiscal, mas fez ajustes nos textos. O Ministério da Fazenda estima que a desidratação do pacote de corte de gastos terá um impacto de R$ 2,1 bilhões até 2026. A previsão inicial era de que as medidas fiscais teriam capacidade de economizar R$ 71,9 bilhões em dois anos.

De acordo com a nova estimativa divulgada pela equipe econômica, o pacote fiscal terá capacidade de economizar R$ 69,8 bilhões até 2026.

Na sexta-feira (20), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia informado que as mudanças aprovadas pelo Congresso Nacional no pacote teriam um impacto fiscal de R$ 1 bilhão até o fim do ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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