Dados de vendas no Natal mostram economia brasileira aquecida

Pesquisas publicadas pela empresa Neotrust Confi e pelo Itaú Unibanco mostram aceleração mais forte na demanda neste fim de ano, na faixa de dois dígitos. Já dados do Índice Cielo relatam alta de apenas 3,4% nas lojas físicas e de 2,9% no comércio eletrônico, em termos nominais.

Nas últimas semanas, as projeções do setor indicavam sinais de uma retomada maior nas vendas, reflexo do ganho de renda neste ano, apesar da recente alta nos juros, mas empresas e associações ainda aguardavam dados finais do mercado.

De acordo com a empresa de dados e serviços Neotrust Confi, entre os dias 1º e 25 de dezembro, as compras on-line movimentaram R$ 26 bilhões no País, crescimento nominal de 20,6% em relação ao mesmo período de 2023.

Na visão de Bruno Pati, CEO do E-Commerce Brasil, a aceleração na demanda em novembro, na Black Friday, já mostrava uma economia mais aquecida, e os dados de Natal refletiram novamente esse ambiente. “Apesar do cenário difícil, pelo juros voltando a subir e o câmbio já pressionando, o fim do ano ainda teve o efeito do avanço da economia”, disse ele.

O E-Commerce, plataforma de informações do setor, foi parceiro da Neotrust Confi no levantamento. Para Pati, o quadro macroeconômico mais adverso, com incertezas em relação à política fiscal do governo, dificulta estimar uma manutenção desse ambiente em 2025.

A expansão de 20,6% refletiu a alta em número de pedidos, já que o gasto médio por compra recuou. Foram 82,1 milhões de pedidos, 22,2% a mais que no ano anterior, mas o valor do tíquete por compra caiu 1,3% sobre 2023, para quase R$ 317.

Melhora no nível de emprego e renda em 2024 ajudaram no resultado. Como são dados nominais, eles não descontam o efeito inflacionário sobre o período – ao descontar a alta dos preços no período, o recuo em termos reais é maior.

A expansão no mês do Natal ficou acima do verificado na Black Friday. Ao longo do fim de semana do evento, em novembro, o on-line vendeu R$ 9,3 bilhões, alta de 10,5% em relação ao ano passado, relata a empresa.

Neste Natal, itens de esporte e lazer e produtos para casa e construção foram os campeões de venda – os avanços foram de 76,4% e 74,4%, respectivamente. A seguir, vieram itens de saúde, com alta de 57%, e eletrônicos, com aceleração de cerca 26%.
“A alta de esporte e lazer e casa e construção foi uma surpresa e mostra como o comportamento do consumidor muda ao longo dos anos”, afirmou Pati.

Impacto em 2025

A escalada recente dos juros por parte do Banco Central, por conta da aceleração da inflação, ainda não estaria afetando o ambiente de vendas, pois seu reflexo é mais lento na ponta ao consumidor, dizem economistas. A expectativa de consultores é que esse impacto ocorra em 2025.

Eletrodomésticos, que incluem refrigeradores, máquinas de lavar roupa, entre outros, tiveram avanço menor, de 11,6%, e telefonia subiu 5,1%. A região Sudeste foi a maior em faturamento, como historicamente ocorre, já que é o maior mercado de consumo do País.

Segundo Juliana Lorenzetti, diretora da Neotrust Confi, ofertas competitivas e logística eficiente impulsionaram a demanda, permitindo crescimento mesmo em categorias menos tradicionais para a época, como itens para casa e construção.

A cesta média ficou em 2,3 itens por pedido, e 63% das compras foram realizadas com cartão de crédito, acima dos 59% de 2023, o que deve elevar a atenção do mercado para verificar se isso deve se traduzir em inadimplência no curto prazo.

Outro levantamento, do Itaú Unibanco, que engloba desempenho on-line e no comércio físico, mostra alta nominal de 12,3% nas vendas na semana anterior ao Natal, na comparação com o mesmo período de 2023. Os dados correspondem ao período entre 16 e 22 de dezembro de 2024, frente ao mesmo intervalo em número de dias do ano anterior (18 a 24 de dezembro de 2023).

Tiveram destaque no período os restaurantes e bares, com alta de 26,2% nas vendas; turismo, com aumento de 16%; hotéis, com 16%; e comércio atacadista de alimentos e bebidas, 8%.

Os números consideram as compras via adquirência (débito e crédito), Pix QR Code e boleto. Em relação aos números da Cielo, mais fracos que os outros levantamentos, pode ter ocorrido uma perda de ritmo como efeito do endividamento maior das famílias no ano, o que reduz a renda disponível para consumo. AS informações são do jornal Valor Econômico.

 

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