Carro elétrico é objeto de desejo dos brasileiros

10% é a alíquota inicial do imposto, já em vigor. (Foto: Reprodução)

Três em cada quatro brasileiros pretendem comprar um carro elétrico nos próximos cinco anos. É o que indicou estudo recém-concluído pela consultoria PwC. A pesquisa entrevistou 17 mil pessoas em 27 países, incluindo o Brasil. No recorte brasileiro, 75% pretendem adquirir carro elétrico em até cinco anos. Essa parcela ficou acima da média global de 60% registrada pela pesquisa, para mesma resposta.

Adriano Correia, sócio-líder de energia e serviços de utilidades públicas da PwC Brasil, observou que, embora o carro elétrico no país ainda seja caro, o veículo conta com baixo custo de manutenção. Isso, na análise dele, torna despesas totais do veículo elétrico mais próximas das de carros movidos à combustão. No entendimento do especialista, esse fator pode atrair mais brasileiros para aquisição de carro elétrico.

Os custos totais, neste caso, incluem pagamento de impostos (IPVA, por exemplo), despesas com manutenção, seguros e abastecimento. Em São Paulo, por exemplo, os carros elétricos são isentos do pagamento de IPVA, recordou Correia.

A análise apontou ainda que 20% dos brasileiros não têm interesse em veículos elétricos, contra 31% na média global, para mesma resposta. Entre entrevistados no Brasil, 5% já possuem carro elétrico, ante 6% na média global. Também, nesse grupo de brasileiros que já têm o veículo, 100% estão satisfeitos – sendo que média global para essa mesma resposta é de 93%.

Porém, a troca de um carro flex ou a diesel por elétrico demanda mudanças de hábito, por parte de consumidores, reconheceu o especialista. Há um tempo de recarga mais demorado para completar tanque do que em um carro movido a combustão, salientou. Também existe necessidade de adaptação de instalações nas residências, para prover recarga, entre outros aspectos, ponderou ele.

Sobre esses aspectos, Correia usou como exemplo o mercado do setor na Europa, onde o uso dos veículos elétricos está mais consolidado, após momento inicial semelhante, de adaptação. O especialista pontuou que os europeus já sabem os desafios para recarga.

Também estão cientes que o custo da energia elétrica é elevado, e que grande parte da origem da eletricidade é de térmicas a carvão. Ou seja: no mercado europeu, o uso intensivo de carros elétricos, com parte deles tendo origem de energia mais danosa ao ambiente, suscitou debates sobre discurso de sustentabilidade do veículo.

Assim, para Correia, quando passar a “euforia da novidade tecnológica” e os brasileiros assimilarem desafios associados, os números no Brasil em pesquisas futuras tendem a cair, admitiu.

O sócio-líder de energia e serviços de utilidades públicas da PwC Brasil fez outra ressalva. A maior procura por carros elétricos surge em meio a quadro de infraestrutura limitada. A quantidade de pontos de recarga ainda é pequena.

No entendimento dele, um cenário de mais veículos elétricos pode demandar mudanças no planejamento de distribuição de energia elétrica. O uso mais intensivo do veículo pode levar não somente a um simples aumento de demanda; como também a novo perfil de consumo, comentou. “O carro elétrico vai exigir mais da rede. Vamos precisar de gerenciamento mais adequado da rede, especialmente por regiões”, afirmou.

O estudo da PwC vai ao encontro de dados de mercado do setor, que mostram demanda crescente. A Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) contabilizou 17.143 veículos elétricos vendidos em novembro. Não somente esse número foi 60,7% acima de novembro de 2023, como é o maior da série histórica, iniciada em 2012.

O dado inclui elétricos “puros” e híbridos (equipados com motores a eletricidade e a combustão). No ano, até novembro, 155.724 veículos elétricos foram comercializados. A expectativa é encerrar 2024 com cerca de 170 mil unidades vendidas, segundo projeção da ABVE.

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