Dólar fecha 2024 com alta de 27%, a maior valorização em quatro anos

O dólar comercial encerrou a segunda-feira (30) em baixa de 0,22%, aos R$ 6,1797. Mesmo assim, a moeda americana fechou o ano em alta de 27,35% frente ao real, na maior disparada desde 2020, na pandemia de covid, quando o aumento foi de 29,36%.

Quando são consideradas as 31 principais moedas internacionais, o real tem um dos piores desempenhos, mostra levantamento da Bloomberg. Só é comparável à desvalorização do peso argentino. Aqui, o real se desvalorizou em 21,47% frente ao dólar. Já a moeda do país vizinho perdeu 21,6% de seu valor frente à divisa americana este ano.

Na última sessão do dólar no ano, o Banco Central realizou uma nova intervenção no mercado de câmbio à vista, injetando US$ 1,8 bilhão. Foi a 14ª atuação da autoridade monetária em dezembro, em dezoito dias de negociação, sendo a dessa segunda a nona no mercado à vista (quando não há compromisso de recompra dos dólares pelo Banco Central, como no leilão de linha).

A moeda brasileira também teve um desempenho pior do que o rublo russo, que perdeu 17,08% frente o dólar.

Moedas de países emergentes, como a brasileira, cederam menos: o peso mexicano registrou 17,94% de desvalorização, enquanto o rand, da África do Sul, se desvalorizou 2,17% na comparação com a moeda americana em 2024.

O último dia do mês é tradicionalmente conhecido como um dia em que há a formação da PTAX, taxa que é usada para diversos contratos cambiais com vencimento em janeiro.

“Não há muito fluxo. A tendência é permanecer em baixa liquidez”, afirma Douglas Ferreira, diretor da mesa de câmbio da Planner Investimentos. Para ele, a moeda deve seguir em instabilidades nos próximos dias por conta da crise das emendas parlamentares:

“Essa falta de conexão entre Executivo, Legislativo e Judiciário causa um certo barulho no mercado, principalmente com investidores estrangeiros. Cada vez que tem situação como essa, de divergência de poderes no Brasil, o investidor estrangeiro fica receoso”, ele diz.

O analista aponta outros fatores, como a aproximação da posse de Trump no cargo de presidente americano, como propulsor para a valorização do dólar frente a outras moedas.

Nessa segunda, foram divulgadas as estatísticas das contas públicas de novembro do Banco Central, que mostraram um déficit primário de 1,65% do PIB nos últimos 12 meses. A dívida líquida do setor público caiu para 61,2% do PIB.

O último boletim Focus do ano, por sua vez, apontou uma alta nas previsões do mercado financeiro para a cotação do dólar no fim de 2025. A estimativa agora é de uma cotação de R$ 5,96, contra R$ 5,90 no fim da semana passada.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.