Brasil de Fato e IDhES lançam série de artigos que debatem alternativas à crise da mobilidade urbana no Brasil

O Brasil de Fato RS e o Instituto de Direitos Humanos – IDhES lançaram no dia 30 de dezembro o primeiro de uma série de artigos do advogado socioambiental Mauri Cruz para debater os gargalos e as alternativas à crise da mobilidade urbana no Brasil.

O primeiro artigo traz um panorama do Transporte coletivo em tempos de crises, onde o autor analisa a crise de modelo. Segundo ele, para quem é do meio, é mais uma crise no processo cíclico de embates entre as concepções do mercado e a cidadania. “Para o mercado, o transporte de pessoas e mercadorias é insumo para produção e está na coluna dos custos e da acumulação. Para a cidadania, o transporte coletivo é direito e uma obrigação do Estado, condição para a democratização de acesso a toda cidade, aliás, concepção essa, expressa nos artigos 5º e 6º da Constituição Brasileira.”

A periodicidade dos artigos será quinzenal e o próximo irá tratar sobre a crise da mobilidade e a concepção de cidade. Também serão temas da série as redes integradas, multimodalidade e tecnologias sustentáveis, a proposta de tarifa zero e políticas de financiamento e o papel do Estado, o papel do setor privado, gestão participativa, qualidade e controle social.

Na visão de Mauri Cruz, as cidades cumprem um papel fundamental na lógica de acumulação do sistema capitalista. “É a partir da lógica das cidades que tu tens a concentração das pessoas que vão fazer parte do processo produtivo, dos insumos, dos materiais, dos produtos. E também é nas cidades que estão concentrados os consumidores desses produtos.”

Então, explica, o sistema capitalista, ele necessita das cidades da forma como elas estão organizadas. “E o sistema de mobilidade, a política de mobilidade, ela se molda nessa concepção capitalista, ou seja, ela também é pensada para potencializar, para ampliar o processo de acumulação.”

Com os artigos, Mauri pretende pensar um outro tipo de cidade e uma outra política de mobilidade. “Precisamos pensar uma cidade voltada a atender as necessidades das pessoas, e não uma cidade voltada pro lucro, significa pensar uma política de mobilidade voltada a atender as necessidades das pessoas. E essa política não pode estar centrada no automóvel, que é um transporte individual que só funciona caso uma parcela da população tenha automóvel. Precisamos um sistema coletivo, um sistema público que atenda todas as pessoas em nível de igualdade de qualidade.”

Esse é o debate que esta parceria entre o Brasil de Fato RS e o Instituto de Direitos Humanos – IdhES está propondo: uma reflexão de novos paradigmas. “Propor uma reflexão de novas visões, de como pensar a cidade, como pensar a mobilidade nesse novo momento da humanidade, onde nós temos o câmbio climático, onde nós temos a desigualdade no seu nível mais absurdo. E onde a gente está necessitando como humanidade, reconstruir o horizonte utópico”, conclui Mauri.


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