Relação com mercado, “fator Trump” e mais: 8 desafios de Lula em 2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre o penúltimo ano do seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto com o propósito de corrigir a comunicação do governo, estabelecer uma relação pragmática com Donald Trump nos Estados Unidos e a viabilizar avanços na preservação ambiental durante a COP 30, a conferência da ONU sobre o clima, que será realizada em Belém (PA).

Além disso, também serão desafios para Lula nesta segunda metade do mandato melhorar a relação com o mercado financeiro e de adotar medidas que contribuam para redução da taxa Selic (12,25% ao ano) e da cotação do dólar (acima de R$ 6).

Banco Central
Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmaram que estão atentos à necessidade de novas medidas para garantir o equilíbrio fiscal. O presidente foi aconselhado a melhorar a relação com o mercado, a fim de incentivar a queda da Selic e do dólar, que terão impacto no controle da inflação e na manutenção de números positivos da economia – crescimento do PIB e queda do desemprego e da miséria.

O ano marca a troca da presidência do Banco Central (BC) com a posse de Gabriel Galípolo, que substitui Roberto Campos Neto, criticado por Lula nos últimos dois anos por conta do patamar da Selic, definida pelo BC. Campos Neto tinha sido indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Reforma ministerial
O petista intensificou as discussões sobre uma reforma ministerial no começo deste ano. A intenção deflagrou articulações dentro do governo, do PT e de partidos aliados por espaços no primeiro escalão do petista, composto por 38 ministérios. Aliados do presidente pregam mudanças para melhorar a relação com o Congresso e costurar alianças com partidos visando a eleição de 2026. Lula, que terá 81 anos em 2026, não definiu se tentará o quarto mandato, porém é o nome favorito do PT.

Comunicação
Lula tem se queixado publicamente da comunicação do governo e afirmou que fará as “correções necessárias” para melhorar a divulgação das medidas adotadas por ele, bem como reforçar o enfrentamento com a direita nas redes sociais. O presidente planeja mudanças na área, atualmente comandada pelo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta.

Sucessão
Em fevereiro, Câmara e Senado escolhem os substitutos de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no comando das Casas. A sucessão está encaminhada. Hugo Motta (Republicanos-PB) é o favorito na Câmara e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), no Senado. Lula tem o desafio de estabelecer uma boa relação com os novos presidentes, que determinam a pauta de votação de projetos.

Segurança Pública
Ele comentou que deseja enviar ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para aumentar a participação da União nas ações de segurança pública. Atualmente, maior parte das responsabilidades cabe aos Estados. A proposta foi elaborada pelo Ministério da Justiça e discutida com governadores.

Imposto de Renda
O petista pretende enviar ao Congresso em 2025 o projeto que altera as regras da cobrança do Imposto de Renda. O governo propõe isentar quem recebe até R$ 5 mil mensais e criar uma tributação mínima para pessoas com renda superior a R$ 50 mil por mês. Caso sejam aprovadas, as novas regras entrarão em vigor em 2026.

Brics e COP 30 
Lula será o anfitrião em 2025 da cúpula dos países do Brics e da conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP 30. O evento da ONU será realizado em novembro, em Belém (PA), onde chefes de Estado e de governo, empresários, cientistas e ativistas discutirão formas de conter o aquecimento do planeta e de preservar o meio ambiente. Antes da COP, Lula receberá os governantes dos demais países que integram o Brics. A cúpula deve ocorrer no primeiro semestre. Ainda não foi definida a cidade brasileira que vai sediar o evento.

Trump
Um dos principais desafios de Lula na área internacional será a relação com os EUA, que voltam a ser governados por Donald Trump a partir de 20 de janeiro. O petista apoiou na campanha a candidata derrotada, Kamala Harris, mas aposta em uma relação pragmática com Trump, a exemplo do que tem feito com o adversário político Javier Milei, da Argentina. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China.

Pé-de-Meia
O governo planeja expandir o programa Pé-de-Meia para alunos de universidades. O programa em curso paga auxílio financeiro a alunos do ensino médio matriculados em escolas da rede pública. O Ministério da Educação estuda a expansão do programa que, em um primeiro momento, deverá contemplar especificamente estudantes de instituições de ensino superior federais, como cotistas e inscritos no CadÚnico.

Recuperação
O presidente, que completou 79 anos em outubro, voltou ao trabalho em Brasília na semana anterior à do Natal, mas ainda se recupera de uma cirurgia para drenar um hematoma intracraniano, provocado pela queda sofrida no banheiro do Palácio da Alvorada em outubro. A primeira viagem internacional do petista está programada para o final de março, uma visita oficial ao Japão.

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