Ex-governador do Tocantins completa 20 dias na prisão por suspeita de planejar fuga do País. Ele é investigado por fraudes em licitações

O ex-governador Mauro Carlesse completa 20 dias de prisão por suspeita de planejar fuga do Brasil. Ele é investigado por fraudes em licitações, desvios de dinheiro e outros crimes. Durante esse tempo, pelo menos sete habeas corpus foram negados pela Justiça.

O político está preso desde o dia 15 de dezembro de 2024. Ele foi detido quando estava a caminho de uma fazenda de sua propriedade na zona rural de São Valério, próximo a Peixe, no sul do Tocantins.

O mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal de Palmas foi cumprido pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPTO).

Em nota, a defesa de Maruro Carlesse disse que a prisão é ilegal e que as ações penais contra o ex-governador estão suspensas porque os advogados não tiveram acesso às provas.

A defesa também alegou que o pedido de prisão preventiva foi expedido no dia 25 de novembro e cumprida apenas 20 dias após. O que comprovou que não existia risco de fuga.

Os advogados do político disseram que foram protocolados dois novos pedidos de habeas corpus para o Tribunal de Justiça (TJ-TO) e Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Pedidos negados

Mauro Carlesse já teve pelo menos sete pedidos de habeas corpus negados pela Justiça desde o dia da prisão. O primeiro apresentado pela defesa foi negado pelo desembargador João Rigo Guimarães no dia 16 de dezembro.

Outros dois pedidos de liberdade também foram negados pelo desembargador Eurípedes Lamounier durante a semana. Depois, o juiz Márcio Soares da Cunha negou outro pedido após análise do caso. Mais duas solicitações foram negadas, pela desembargadora Angela Issa Haonat, do Plantão de 2ª Instância do TJ-TO.

Na decisão, Angela Haonat afirmou que a retenção do passaporte como medida cautelar à prisão não seria suficiente para evitar a possível fuga de Carlesse, pois o Uruguai é um integrante do Mercosul, o que permite a entrada de brasileiros no país sem o passaporte ou visto.

O ex-governador teve o pedido de liberdade apresentado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) negado ainda em dezembro.

Investigações

Segundo investigação do Gaeco, Carlesse estaria arquitetando o plano de fuga do país, com ajuda do sobrinho Claudinei Quaresemin, ex-secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins.

Quaresemin teria providenciado documento de identidade e autorização para residência fixa no Uruguai para ele e o tio. Mauro, que tem cidadania e passaporte italiano chegou a declarar residência em Marsciano (Perugia), na Itália, no vilarejo de Pieve Caina, para onde supostamente pretendia fugir. A prisão foi deferida e cumprida no dia 15 de dezembro.

Ao todo, Mauro Carlesse é alvo de pelo menos cinco investigações e responde a ações penais. Governador do Tocantins entre 2018 e 2021, ele foi afastado do cargo pelo STJ durante as investigações das operações Hygea e Éris, que apuram supostos pagamentos de propina no plano de saúde dos servidores públicos e aparelhamento da Polícia Civil. Pouco tempo depois ele renunciou ao cargo.

Já em abril de 2024 pela última operação foram encontradas conversas e indícios de um suposto plano. Em abril de 2024, Claudinei Quaresemin teria encaminhado uma imagem ao ex-governador que mostra um documento de identidade uruguaio no nome de Mauro Carlesse.

Em junho do mesmo ano, o sobrinho teria enviado mensagens sobre um pedido de residência permanente Mercosul, que foi aceito. Em entrevistas, Carlesse negou que queria fugir do País.

Preso em fazenda

Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), a prisão aconteceu porque existem indícios de que o ex-governador teria um possível plano de fuga para o exterior.

Carlesse negou o plano de fuga internacional e afirmou que estava à disposição da Justiça. Ele ainda disse ter passaporte e cidadania italiana para viagens de férias. Segundo o político, a identidade uruguaia que conseguiu está relacionada a transações comerciais.

Além da prisão de Mauro Carlesse, a Justiça expediu outro mandado contra Claudinei Quaresemin, também investigado por envolvimento em um esquema de corrupção. Ele já está preso por outra investigação, a “Operação Overclean”, deflagrada no dia 10 de dezembro. Ele teria atuado, segundo a Polícia Federal, em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro quando era secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins.

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