Tenista brasileiro João Fonseca conquista título na Austrália e aumenta expectativa sobre seu futuro na elite do tênis

O potencial de João Fonseca está longe de ser novidade no mundo do tênis. Desde que decidiu tornar-se profissional ao chegar às quartas de final do ATP 500 do Rio Open em fevereiro de 2024, o tenista de apenas 18 anos não para de saltar posições no ranking com resultados e desempenhos que aumentam a expectativa sobre o seu futuro.

Mesmo depois da euforia com o título do Nex Gen Finals em dezembro, o brasileiro já começou a temporada de 2025 com mais um troféu ao vencer, nesse sábado (4), o americano Ethan Quinn por duplo 6/4 — não perdeu sets no torneio — na decisão do Challenger 125 de Camberra, Austrália.

A evolução no último semestre do jovem tenista, que acumula dez vitórias consecutivas e conquistou três títulos (Next Gen Finals e Challengers de Lexington-EUA e Camberra), já o coloca entre os 115 melhores do mundo — ocupa o 113ª lugar da ATP. Além da ascensão no ranking, a postura dele dentro e fora da quadra impressiona pela confiança e maturidade que transmite com tão pouca idade e tempo de carreira profissional.

“É um garoto muito acima da média para 18 anos. Não só pela maneira como fala e se posiciona, mas também pelo jeito que entra na quadra. Ele está jogando com uma atitude muito positiva, sem hesitar ou ficar com o pé atrás do que é capaz de fazer ao longo da partida. Isso é uma demonstração muito clara aonde pode chegar”, destaca Sylvio Bastos, comentarista de tênis da ESPN.

A ascensão de João em um curto espaço de tempo já é suficiente para que haja comparações com nada mais nada menos que Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros e ex-número 1 do mundo. Para Sylvio, essa euforia do torcedor brasileiro em cima do tenista revela certa carência de ídolos recentes no esporte nacional.

“O João já disse que não gosta de comparações, mas, ao mesmo tempo, acredito que segue muito convicto e consciente da dimensão em que está chegando. Há muito tempo, o brasileiro não tinha para quem torcer, principalmente no tênis, e, agora, ele (João) está meio que ocupando essa lacuna, o que traz um entusiasmo enorme”, ressalta Sylvio.

O próximo passo do tenista brasileiro é o Qualifying do Australian Open, que começa nesta segunda-feira como primeiro dos quatro Grand Slams do ano. Entre as novidades da temporada passada, ele disputou pela primeira vez as fases preliminares de Wimbledon e do US Open, mas não conseguiu entrar na chave principal. Como não está acostumado a jogar partidas de até cinco sets, é natural que encontre mais dificuldades nesses torneios no início da carreira, já que o lado físico costuma se sobrepor ao técnico.

“Muito feliz de estar fazendo dez vitórias consecutivas e boas semanas. Uma das metas deste ano é não ter altos e baixos e manter a consistência. Partir amanhã para Melbourne (Austrália), obviamente desgastado com a semana, mas tenho me sentindo muito bem fisicamente durante as partidas. Vamos com tudo, acho que levar essa confiança dos últimos torneios para furar o Quali e, talvez, ir bem na chave principal”, celebrou João após o título do Challenger de Camberra.

Ao mesmo tempo, é justamente nesse ambiente de adversidade que João pode criar uma “casca” para se firmar entre os melhores tenistas do mundo. Ao que tudo indica, a temporada de 2025 promete testá-lo cada vez mais em novos desafios, não à toa ele vem trabalhando, junto ao técnico Guilherme Teixeira, para conquistar títulos de Grand Slam e se tornar um jogador de elite no tênis. Por mais que sua precocidade peça cautela nas previsões, o tamanho do seu talento vem fazendo jus ao entusiasmo do torcedor brasileiro.

“É difícil prever uma data e um número, mas acredito que o João tem condições, em um curto espaço de tempo, de ter voos muito altos como um grande jogador de tênis. Para se ter noção, o Brad Gilbert (ex-número 4 do mundo) disse que ele terminaria o ano no top 25. Nós, brasileiros, estamos na torcida para que consiga os objetivos cada vez mais cedo”, opina Sylvio.

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