Com o agravamento da situação no Estado nas últimas semanas, especialista não descarta que PIB nacional do segundo semestre seja negativo

A economia cresceu 0,7% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2023 na leitura do Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na comparação com mesmo trimestre do ano passado, a alta no PIB, na ótica do indicador, foi de 2,3% e, no mensal, em março, a atividade econômica subiu 0,4% ante fevereiro.

Os resultados foram impulsionados por desempenhos favoráveis em consumo das famílias e em investimentos, explicou Claudio Considera, economista da FGV. “Mas isso (o ritmo aquecido da economia) vai mudar”, disse.

Ele afirmou que o resultado não contempla o impacto, negativo, na economia brasileira da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul. “Teremos no PIB do segundo trimestre efeito (do que houve no Sul) em dois meses no trimestre, em maio e em junho”, lembrou o técnico.

Com o agravamento da situação no Estado nas últimas semanas, o especialista não descarta que o PIB nacional do segundo trimestre seja negativo. Ao falar sobre o comportamento da economia até o primeiro trimestre, no Monitor do PIB, o especialista ressaltou duas surpresas positivas.

Claudio informou que, pelo lado da oferta, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos na economia, subiu 5,1% em março ante fevereiro, com aumentos de 3,4% no primeiro trimestre,ante mesmo trimestre em 2023; e de 4,8% ante quarto trimestre. “Temos aí uma influência de juros mais baixos”, notou o técnico.

Já outro aspecto positivo, dessa vez pelo lado da demanda foi resiliência do consumo das famílias. Este subiu 0,2% em março ante fevereiro, com aumentos de 4,4% no primeiro trimestre ante mesmo trimestre em 2023; e de 1,5 ante quarto trimestre de 2023.

“Mas a tragédia no Sul vai afetar consumo das famílias ”, comentou. O desastre das enchentes, lembrou, vai ter impacto na renda das famílias atingidas. “Essas pessoas não vão poder consumir como antes”, frisou.

Agropecuária

Outro segmento, pelo lado da demanda, que será afetado é o setor agropecuário, acrescentou o especialista. A atividade já não estava favorável, até março, no monitor. O PIB agropecuário, no indicador, teve quedas de 0,7% em março ante fevereiro e de 3,8% no primeiro trimestre ante mesmo trimestre em 2023.

“O PIB agropecuário certamente vai sofrer” afirmou. “E também a indústria”, disse. O Rio Grande do Sul é intensivo em setores industriais estratégicos, como siderurgia.

Para ele, a tragédia deve afetar negativamente também o resultado anual da economia em 2024. Ele frisou ser cedo fazer projeções do quanto a crise poderia tirar do PIB. A emergência na região ainda não acabou, notou. Mas, admitiu que será difícil alta de 2% na economia neste ano, conforme apostavam projeções anteriores à crise no Sul. As informações são do Valor.

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