Brasil 2025: inflação, juros em alta e PIB mais fraco projetam cenário difícil

Diante da incerteza sobre o rumo das contas públicas e de uma conjuntura externa mais complicada, o País deve conviver com juros altos, inflação persistente e crescimento em declínio.

A economia brasileira deve enfrentar um cenário bem mais difícil neste ano do que em 2024. Na avaliação de especialistas, diante da grande incerteza sobre o rumo das contas públicas e de uma conjuntura externa mais complicada o País terá de lidar com juros mais altos, inflação persistente e crescimento inferior ao observado no ano passado.

Na reta final de 2024, o Brasil viu uma crise de confiança na economia levar a uma piora dos seus ativos. O dólar ultrapassou a marca de R$ 6 e se consolidou acima desse patamar. Na sexta-feira, a moeda americana fechou em alta de 1%, a R$6,10. O Banco Central teve de promover um duro aperto monetário, e os juros futuros dispararam. Na reunião de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a Selic em 1 ponto porcentual, para 12,25% ao ano, e já indicou duas novas altas na mesma magnitude nas reuniões deste mês e de março. Hoje, o cenário de grandes bancos e consultorias é de que a taxa básica de juros termine o ano em 15%.

“No contexto em que a gente encerrou 2024, com toda a pressão de câmbio e juros, o cenário para 2025 começa bastante nublado”, afirma Bráulio Borges, economista sênior da LCA Consultores e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

As incertezas não são relativas apenas aos problemas locais. O cenário externo mudou e também será mais difícil. Dia 20, Donald Trump volta à presidência dos Estados Unidos e promete adotar novas tarifas de importação, o que pode se transformar em mais pressão para a inflação e limitar a queda dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Juros americanos altos atraem capital que poderia ir para economias consideradas mais arriscadas, como é o caso da brasileira.

“De forma geral, temos um cenário de desaceleração para 2025 mais forte a partir de meados do ano”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria. “O primeiro semestre deve mostrar sinais de resiliência, mas o segundo deve ser afetado por esse ambiente de juros mais altos, deterioração das expectativas, além do cenário global mais complicado.”

O resultado dessa piora deverá ser um crescimento mais fraco. As expectativas para o PIB de 2025 estão próximas de 2%. Se confirmado, será um resultado abaixo dos 3,5% esperados para 2024. (Estadão Conteúdo)

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