Presença nas redes sociais, combate ao bolsonarismo e olho em 2026: as prioridades do novo ministro da Comunicação Social

O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, assumiu o cargo com o compromisso de intensificar a atuação do governo nas redes sociais, de olho no enfrentamento ao bolsonarismo e à disseminação de fake news. O auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva avisou que pretende abrir “imediatamente” uma licitação para reforçar a atuação do governo nas plataformas digitais.

Com previsão de investimento de R$ 197 milhões, a chamada para a contratação de agências de comunicação foi suspensa no ano passado, após indícios de irregularidades. Na semana passada, porém, o Tribunal de Contas das União (TCU) liberou o Executivo a fazer uma nova chamada.

Os novos valores e o edital ainda estão sendo fechados, mas uma condição é certa: o novo certame também contará com recursos vultuosos. A previsão de ações contra fake news, que já constava no processo liderado pelo antecessor de Sidônio, Paulo Pimenta, será mantida. A ideia de Sidônio, no entanto, é acrescentar novos parâmetros com foco no ambiente digital.

“Eu pretendo fazer uma nova licitação digital. Essa antiga não nos vale mais e não nos interessa. E vamos nos encaminhar o mais rápido possível para fazer isso, ainda neste semestre”, disse Sidônio.

Como marqueteiro, Sidônio liderou a estratégia da campanha presidencial vitoriosa de Lula em 2022. Agora no governo, o foco é tentar impulsionar a popularidade do presidente. Auxiliares do Planalto afirmam que o principal objetivo de Lula ao alterar a rota da comunicação é chegar bem posicionado em 2026, quando o petista pretende disputar a reeleição.

Ainda que ocorra de forma célere, com todos prazos legais de uma licitação, o governo Lula poderá contar, na prática, com um novo contrato de empresas que prestem serviços digitais apenas no segundo semestre.

Barrada

Desde o fim do ano passado, ainda na gestão de Pimenta, a Secom passou a preparar um segundo edital para substituir a licitação barrada pelo TCU. Na semana passada, em decisão, o ministro do tribunal Aroldo Cedraz liberou a contratação da Secom e também arquivou a investigação.

Em julho do ano passado, Cedraz suspendeu a licitação da Secom voltada para a comunicação digital do governo Lula após suspeita de violação do sigilo na escolha das contratadas. Isso porque a lista de vencedoras foi antecipada na véspera da divulgação do resultado pelo site “O Antagonista”.

O edital anterior previa a seleção de quatro agências ou consórcios e reuniu 24 licitantes interessadas no contrato. Cada uma teve que propor uma campanha para combater desinformação.

Durante a solenidade, o novo integrante do governo também fez uma crítica ao resultado do trabalho de seu antecessor, Paulo Pimenta.

“A informação dos serviços não chega na ponta. A população não consegue ver o governo nas suas virtudes. A mentira nos ambientes digitais fomentada pela extrema direita cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas inocentes e ameaça a humanidade”, discursou Sidônio.

O novo ministro ainda afirmou que as medidas anunciadas recentemente pela Meta, que alterou política de moderação de conteúdo, “são ruins porque afrontam os direitos fundamentais e a soberania nacional”. Na última semana, a empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp anunciou o fim do sistema de checagem de fatos nas redes nos EUA.

No discurso da cerimônia de posse de Sidônio, Pimenta disse que Lula “tem toda a razão de querer dar uma sacudida na comunicação” do governo. No começo de dezembro, o presidente fez uma crítica e reclamou que, em dois anos de governo, não se conseguiu fazer uma licitação para a área digital:

“A gente não conseguiu, sequer, em dois anos de governo, fazer um estudo mais aprofundado sobre a questão digital e sequer conseguimos fazer uma licitação para ter uma imprensa digitalizada, mais competitiva.”

Principais desafios

* Mais visibilidade: A expectativa é que o novo ministro possa dar maior destaque a programas que tenham potencial para ser a cara do novo governo Lula, como o Pé-de-Meia na Educação. A falta de visibilidade a projetos da gestão petista, sobretudo os de cunho social, sempre foi uma queixa do presidente Lula.

* Popularidade: Lula conta com Sidônio para melhorar a sua popularidade e chegar competitivo em 2026, caso decida disputar a reeleição. Segundo Datafolha de dezembro, o governo tinha 35% de avaliação “ótimo ou bom” e 34% de “ruim ou péssimo”. Na sondagem anterior eram respectivamente, 36% e 32%.

* Fake News: Um dos principais desafios será contornar o impacto das fake news que têm atingido o governo, como a suposta taxação de transações via Pix, o que não vai acontecer. O assunto preocupa o Palácio do Planalto, e Sidônio já anunciou que fará mudanças para privilegiar a comunicação digital.

* Comunicação digital: O novo ministro afirmou que pretende abrir “imediatamente” uma licitação para a comunicação digital. Além de ser importante para combater desinformação, há entendimento de que o governo não consegue performar nas redes como a direita: “É importante que a gestão não seja analógica”.

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