“Existem duas opções para o futuro da Petrobras: estatizar ou privatizar”, diz ex-presidente da empresa demitido por Bolsonaro

No relato que escreveu sobre o período em que presidiu a Petrobras, entre 2019 e 2021, Roberto Castello Branco reforça um ponto caro aos críticos das empresas de economia mista. A companhia, nesse modelo de organização, não consegue se equilibrar entre as duas forças que a sustentam: a iniciativa privada e o Estado.

“Em minha opinião, existem duas opções para o futuro da Petrobras: estatizar ou privatizar”, diz ele, no livro “Petrobras: A luta pela transformação”. Na visão dele, um economista de viés liberal, a estatização seria uma opção “desastrosa” para as finanças públicas e geraria desperdício de recursos. “Privatizar é de longe a melhor solução”, conclui.

Até hoje, porém, nenhum governo conseguiu discutir para valer uma eventual privatização da Petrobras, a maior empresa brasileira, dadas as pressões políticas dos diferentes grupos de interesse em torno da estatal, que são muitos.

Uma das críticas de Roberto Castello Branco é o uso da empresa pelo Estado como uma forma de induzir crescimento econômico, algo que se repete governo após governo.

O economista reforça a ideia de que a privatização da Petrobras evitaria problemas vistos em gestões de esquerda e direita. É o caso da utilização da companhia como instrumento político.

“A história da Petrobras revela quão prejudicial pode ser a intervenção do Estado na atividade econômica, sendo esta [o intervencionismo] a principal responsável pelo lento crescimento econômico e pela geração de pobreza”, escreve o autor no livro. “A atuação de uma estatal de grande porte em atividades típicas da iniciativa privada é prejudicial para a economia, e não tenho dúvida de que a privatização é a melhor alternativa.”

Há outros temas sensíveis no livro. A precificação dos combustíveis, que lhe custou o cargo, é um deles. No texto, Castello Branco relata o episódio em que foi demitido, em abril de 2021, pelo então presidente Jair Bolsonaro.

A demissão ocorreu depois de uma reunião em que Castello Branco precisou explicar a política de preços dos combustíveis, em meio à pressão de caminhoneiros pela redução do diesel. Na época, os preços da Petrobras acompanhavam os internacionais, o que, para Castello Branco, era o mais razoável.

A Petrobras teve cinco presidentes, entre efetivos e interinos, no governo Bolsonaro (menos de dez meses, em média, para cada um).

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