Banco Central do Japão volta a aumentar taxa de juros e cita salários e inflação mais altos

O Banco do Japão (BoJ) aumentou sua taxa básica de juros de 0,25% para cerca de 0,5% nesta sexta-feira (24), observando que a inflação está se mantendo em um nível desejável. “A economia está se recuperando gradualmente”, disse o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, após uma reunião de dois dias do conselho de política monetária em Tóquio.
Ele reconheceu que ainda há incertezas, incluindo a inflação no exterior e as flutuações cambiais. Mas reafirmou sua opinião de que serão necessários aumentos adicionais se a economia permanecer estável.

“Nosso pensamento básico não mudou”, disse. Ele enfatizou a importância do “ciclo positivo” de preços e salários mais altos. Dados recentes sobre preços mostram que a inflação está oscilando em torno da meta de 2% do Banco Central. Os dados do governo divulgados horas antes da decisão mostraram que os preços ao consumidor, excluindo os preços voláteis dos alimentos, aumentaram no ano passado a uma taxa média de 2,5%, marcando o terceiro ano consecutivo de aumento. O índice de preços ao consumidor, excluindo os alimentos, somente para o mês de dezembro, mostrou um aumento de 3%. Outra preocupação de longo prazo foi o crescimento dos salários.

Os dados mostram que os trabalhadores japoneses estão recebendo melhores salários e, em geral, estão preparados para receber aumentos sólidos em suas próximas negociações sindicais anuais. O Ministério do Trabalho ajustou seus dados salariais de novembro para um aumento de 0,5%, em vez de um declínio, ajudando a apoiar a decisão do Banco do Japão.

Os preços das ações caíram imediatamente após o anúncio, mas o índice de referência Nikkei 225 se recuperou logo em seguida e terminou com poucas alterações. O dólar dos EUA caiu para 155,41 ienes japoneses, de cerca de 156 ienes no início do dia.

Um aumento da taxa em julho do ano passado fez com que os preços das ações despencassem. O banco também está atento às reações do mercado às políticas do presidente dos EUA, Donald Trump. Ueda disse que as reações ao aumento da taxa foram discretas, sugerindo que a decisão do Banco Central estava no alvo.

O Banco do Japão aumentou a taxa pela primeira vez em 17 anos em março do ano passado, encerrando sua política de taxa de juros negativa, que equivale a taxas de empréstimo negativas.

A política monetária ultralenta de longa data do Japão tinha o objetivo de tirar a economia das tendências deflacionárias e impulsionar o crescimento. A deflação estagna o crescimento, uma vez que as empresas investem menos, reduzem os salários e as pessoas retêm os gastos.

A postura do Japão está em desacordo com as tendências de afrouxamento adotadas pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano) e pelo Banco Central Europeu, que vêm reduzindo as taxas após aumentá-las para conter a inflação. O Fed indicou recentemente que diminuirá o ritmo dos cortes nas taxas.

(Estadão Conteúdo)

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