Batidas anti-imigração da era Trump alarmam cidades dos Estados Unidos, e czar da fronteira fala em 3 mil prisões

O governo de Donald Trump divulgou fotos mostrando agentes americanos colocando detidos algemados em um avião de carga militar. Era o início da campanha de deportação em massa que o presidente prometeu ao longo da campanha. Segundo a Casa Branca, as autoridades já prenderam “538 imigrantes ilegais” de diferentes nacionalidades e deportaram “centenas”.

Os números, segundo o jornal The Washington Post, são relativamente modestos para os EUA, em uma possível indicação de que a retórica de força superou até agora a capacidade do governo de cumprir os elevados objetivos do presidente. Por sua vez, Tom Homan, czar da fronteira de Trump, afirmou que mais de 3 mil pessoas com antecedentes criminais foram presas nos primeiros dias da administração, um número maior que o divulgado pela Casa Branca e não confirmado até então.

Além disso, um voo também saiu dos EUA com destino ao aeroporto de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com 158 pessoas a bordo. Dessas, 88 seriam brasileiras. Não se sabe, porém, se o voo é um rescaldo da administração do ex-presidente Joe Biden ou se os deportados estão entre os mais de 500 citados pela Casa Branca.

Para Aaron Reichlin-Melnick, especialista da ONG Conselho Americano de Imigração, “é uma operação de pura propaganda”. Segundo ele, “no ano passado e nos anos anteriores já havia dezenas de voos de deportação todas as semanas”.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, publicou na rede social X que “a Administração Trump prendeu 538 imigrantes ilegais criminosos” e “deportou centenas” deles em aviões militares.

“A maior operação de deportação em massa da história está em andamento. Promessas feitas. Promessas cumpridas”, acrescentou, referindo-se à campanha eleitoral do ano passado, quando Trump demonizou os imigrantes descrevendo-os como “selvagens”, “animais” ou “criminosos” e prometeu deportar cerca de 11 milhões de pessoas em situação irregular.

Ao iniciar o segundo mandato, Trump adotou uma série de ações antimigratórias, incluindo decretar o fim da cidadania por nascimento, desatando uma batalha judicial. O número de detenções, porém, foi inferior às 675 realizadas em operações semelhantes depois de Trump ter tomado posse em 2017, quando também ameaçou deportar “milhões” de pessoas, embora nunca tenha chegado perto desse número.

Medo

Na quinta (23), o prefeito de Newark (Nova Jersey), Ras Baraka, denunciou que agentes do serviço de imigração “invadiram um estabelecimento local (…) detendo moradores e cidadãos sem documentos sem apresentar uma ordem judicial”.

O prefeito disse que um dos presos é um veterano do Exército americano, uma ação que ele chamou de “ato atroz e uma violação flagrante” da Constituição dos Estados Unidos.

“Newark não ficará parada enquanto sua população é aterrorizada ilegalmente”, acrescentou Baraka.

O ICE deteve quase 500 imigrantes ilegais em todo o país durante as primeiras horas do mandato de Trump, informou a imprensa internacional. Foram aproximadamente 460 prisões em um período de 33 horas, incluindo pessoas com históricos criminais.

Poder de polícia

Em sua retórica, Trump frequentemente usa a palavra “invasão” para se referir à entrada de migrantes sem visto nos Estados Unidos e os acusa de envenenar o “sangue” do país.

Para dar conta das novas medidas, a gestão republicana articula autorizar policiais que trabalham em áreas ligadas ao combate a drogas e armas a atuarem com os mesmos poderes de um agente de imigração. A informação foi noticiada pelo periódico The Wall Street Journal, que teve acesso a uma documentação enviada pelo secretário interino de Segurança Interna, Benjamine Huffman.

O memorando aponta que a pasta deve conceder autoridade de fiscalização de imigração à diferentes agências do Departamento de Justiça americano, inclusive o responsável pelo controle e repressão de drogas, além do que atua no combate ao tráfico de armas, ao uso e armamento ilegal de explosivos e a atos de terrorismo.

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