Empresa chinesa adota “licença por infelicidade” para funcionários

Uma rede de varejo na China implementou uma política inovadora que permite aos funcionários tirarem até 10 dias de folga por ano quando estiverem tristes, estressados ou desmotivados. Chamada de “licença por infelicidade”, a iniciativa foi criada por Yu Donglai, fundador e presidente da Pang Dong Lai, e não exige aprovação da liderança. O empresário justificou a medida afirmando que deseja oferecer um ambiente de trabalho mais saudável e semelhante ao europeu, diferindo da cultura corporativa chinesa, marcada por longas jornadas.

Além da licença, a empresa oferece outras vantagens, como jornada de trabalho reduzida, folgas aos fins de semana e até 40 dias de férias anuais. Também criou o “Prêmio de Reclamação”, que recompensa funcionários que lidam com clientes difíceis com valores entre R$ 3,8 mil e R$ 6,2 mil. Segundo Yu, as medidas têm dado resultado, com menos de 5% dos trabalhadores deixando a empresa anualmente. Apesar das críticas que recebe, o empresário afirma que priorizar o bem-estar dos funcionários fortalece a companhia.

Especialistas destacam que, embora a licença por infelicidade seja um passo positivo, ela deve fazer parte de um conjunto maior de ações voltadas ao bem-estar. A professora Dani Plesnik, da Human SA, alerta que, se o problema do estresse estiver no ambiente de trabalho, apenas dar folgas não resolve a raiz da questão. Já a cientista comportamental Roberta Basílio ressalta que políticas que incentivam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal são essenciais, mas não substituem mudanças estruturais, como a melhoria da liderança e das condições de trabalho.

A iniciativa levanta debates sobre saúde mental no ambiente corporativo e a possível adoção de medidas semelhantes em outros países. Especialistas acreditam que, caso regulamentada e incentivada legalmente, a licença por infelicidade poderia ser um avanço importante na construção de uma cultura empresarial mais saudável e sustentável.