Os 80 anos de Antônio Oliveira: o jornalismo em dois tempos

Antônio Manoel de Oliveira semeou jornalismo a vida toda. Está com 80 anos, perto dos 81 a completar em 13 de junho, e entre dezenas de ações que fez em quase 60 anos de carreira foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul entre os anos de 1977 e 1980. Presidente de sindicato costuma sair do emprego, se licenciar. Antônio não quis. Preferiu fazer as duas coisas. Atropelava a vida e até arrumou encrenca com um colega do jornal que vivia reclamando dos seus atrasos ou ausências em função das atividades sindicais. Eram tempos brabos da ditadura e a sua diretoria teve até que se apresentar no Comando Militar do Sul para informar que iriam dirigir o sindicato. Nada mais desprezível e irritante do que fazer isso. Mas aconteceu.

Estes dois momentos são apenas parte da longa trajetória de Antônio por jornais, rádios e tevês, assessorias de governos petistas federais e estaduais, Coojornal e longos trabalhos em países africanos (Moçambique e Guiné). Foi construtor de pontes, sempre com um humor extraordinário e momentos de sangue fervendo nas veias. Tem histórias que poucos jornalistas conseguiram viver e vivenciar em suas carreiras. Escreveu três livros contando situações impressionantes e inusitadas.

Ele não é gaúcho, como poderia se supor, tal a sua ligação com o Rio Grande do Sul e suas coisas. Ele veio da roça de Imbituba, Santa Catarina, nasceu em 13 de junho de 1944 – dia de Santo Antônio, daí o seu nome. Caçula de oito irmãos, era tímido, e quase acabou padre já que a cidadezinha não oferecia possibilidades de avanço nos estudos. Quem o salvou foi o irmão mais velho, Inácio, 23 anos, que trouxe o guri de 12 anos para Porto Alegre, onde morava.

A partir daí foi uma descoberta a cada dia. Tentou ser músico com o amigo roqueiro Marquinhos, o Fughetti. Logo depois encontrou uma menina legal com quem pegava ônibus todos os dias. Era, simplesmente, a Elis Regina, que ia para shows de calouros da Rádio Itaí. “A Elis fez um show de encerramento do programa, no qual me dei muito mal. Não consegui nem terminar a música”, disse para o site dos jornalistas Coletiva em 2007. Com o fracasso da carreira musical, Antônio e seus amigos deram início a um grupo de teatro humorístico. Ainda nesse período, se aventurou pelas radionovelas, já em fase de decadência: “Os personagens até mudavam de voz”, relembra. Não se deu bem. Não era o seu ninho.


Antônio foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul entre os anos de 1977 e 1980 / Foto: Reprodução Facebook André Simas

Antônio também esteve no Exército. Aos 18 anos parou na Polícia do Exército. O azar é que quando estava “servindo à Pátria” ocorreu o golpe militar de 31 de março de 1964. Ficou retido por uns 15 dias até passar as confusões. Notou, neste período, que tudo mudou. A vida ali endureceu, ficou complicada. “Tínhamos um jornalzinho no quartel, um jornal-mural. No dia 1º de abril, ele desapareceu, nunca mais soubemos dele”, contou em certa ocasião. Mas o mais curioso sobre sua estada no Exército foi o convívio com o instrutor de tiro: “Era Carlos Lamarca. Convivi com ele, dentro do quartel, sem saber de nada do que ele fazia. Só fui conhecer a atuação revolucionária de Lamarca anos depois, quando já trabalhava em jornal”.

Depois da sua passagem pela vida militar, entrou no jornalismo para nunca mais sair. Corria o ano de 1966, quase 60 anos atrás. Largou o emprego na camisaria Bier e entrou na faculdade na PUCRS e foi colega, entre tantos, de Geraldo Canali, Marques Leonam e João Brito. De imediato, foi para o Departamento Comercial de Zero Hora (ZH) vender anúncios. Não era o seu chão, o piso onde gostava de transitar. Teve uma briguinha por lá. Alguém quis ficar com a comissão da venda de um anúncio, ele não gostou e foi indicado para a redação, por sugestão da própria pessoa com quem brigara.

A primeira pauta o lançou na espiral do jornalismo até o fim dos tempos da sua carreira. Como era foca (repórter iniciante) fez a matéria de uma blitz ou batida policial nos mini-snookers da Capital, uma coisa muito em evidência nos anos 60 e 70. Foi aplaudido pelo chefe, mas a matéria que acabou na capa passou, antes, por uma repórter mais experiente. Antônio não gostou. Mas foi em frente. Ficou 16 anos no grupo, passando pela Rádio Gaúcha e TV Gaúcha e por todas as editorias de ZH, menos Política. Se adaptava do dia para a noite, sem qualquer dificuldade.

Com a chegada de Lauro Schirmer e Carlos Bastos para mudar a cara e a má fama de Zero Hora, Antônio deslanchou. “Formou-se uma equipe de respeito, que acho que não vi melhor depois disso. Tínhamos Sérgio Caparelli, Pedro Maciel, Luiz Cláudio Cunha, Ademar Vargas de Freitas, Gilberto Leal, Beatriz Marocco, Letânia Menezes e outros que não lembro, mas que certamente não esqueci. Ali deu início a um projeto novo, para esquecer aquela fama de que se espremer o jornal sai sangue. Valorizamos muito a grande reportagem, nas páginas 2 e 3, e a reportagem fotográfica, que ia na página central. Isso marcou época e catapultou Zero Hora”, analisa.

Depois se enveredou por vários caminhos jornalísticos. Experimentou a vida sindical e no Coojornal sem largar o emprego, e se mandou para a África. Na volta, com o país mais democratizado, trabalhou aqui e em Brasília em projetos de assessoria. Ele é uma unanimidade no meio jornalístico. Tem prestígio, não fala mal de ninguém. É um sujeito que leva a lealdade a sério, sendo, assim, amigo de amigos improváveis e até de inimigos prováveis. Cultiva valores como ética e integridade como vocação. Jamais ensinou seus focas e subalternos, por discursos ou sermões teóricos, ou gritarias, como muitos ainda fazem por aí, mas pela ação límpida e transparente, direta e sempre leve, bem humorada. 

Antônio está sempre cercado de mulheres. Tem quatro filhas: Laura e Luciana do primeiro casamento e Mariana e Marina do segundo matrimônio. É avô de Isadora, Marcella e Maya, filhas de Laura, Luciana e Marina, respectivamente. Elas estão sempre presentes na sua vida num bairro qualquer de Canoas. Ele deu uma longa entrevista para amigos jornalistas por escrito. Perdeu quase totalmente a audição. Ouve muito pouco. Entretanto, nem a perda da audição, dolorosa para um veterano profissional do jornalismo, o transformou em ranzinza e desesperançado. Bem pelo contrário, sua atividade no Facebook é cada vez mais intensa e criativa, como mostra o surgimento do personagem Chun Bregas, de quem cita máximas de filosofia de botequim. 

Neste campo de comunicação digital, também defende a paixão por seu clube do coração com sarcasmo e fanatismo colorado que irrita gremistas igualmente movidos por paixão descontrolada. Nem tudo são flores, é claro, em oito décadas de existência. Ele já se sentiu perdido, triste, desenganado pela vida. Então, escreveu uma carta que soou como despedida (“Se eu morresse amanhã”) e emendou, de uma só sentada, na pandemia da covid, três livros autobiográficos somando mais de mil páginas, produzindo uma herança afetiva para os seus descendentes e elaborando um legado profissional para seus colegas.

Nesta inusitada entrevista coletiva feita por e-mail, colegas curiosos – como José Antônio Silva, Moisés Mendes, Márcia Martins, Paulo Denis Pereira, Ayrton Kanitz, e tantos outros – fazem perguntas sobre sua rica jornada no jornalismo. 


Na pandemia da covid, lançou três livros autobiográficos somando mais de mil páginas / Reprodução

De onde vens e como foram teus primeiros anos?

Sou filho de mãe velha, dona Inez de Souza Machado, “Sinhinez” para os jecas (44 anos) e de Manoel Inácio de Oliveira, “Seu Maneinaço” para os íntimos, pequenos agricultores de Morro do Mirim (Imbituba-SC). Vim ao mundo com alguns dias de antecedência ao que seria normal e fui batizado às pressas em casa pelo medo de que não sobrevivesse. Ficou Antônio (Manoel de Oliveira) por ter nascido no dia 13 de junho de 1944, dia de Santo Antônio.  Anos depois, fui batizado de novo na igreja de Imbituba. Dona Inez dava o nome do santo do dia para todos os filhos e filhas.

E a chegada em Porto Alegre, como foi?

Assim, se decidiu que eu iria morar com o irmão mais velho na Vila do IAPI em Porto Alegre para continuar os estudos, onde cheguei pelas 21h de 15 de fevereiro de 1957, depois de uma viagem de 15 horas pela empresa de ônibus Santo Anjo da Guarda, a única que fazia esta linha/trajeto. A primeira pessoa que conheci ao sair à rua para ir nas tendas verdes da Praça da Bandeira comprar pão e leite na segunda-feira bem cedo foi o menino com paralisia infantil que apoiava as mãos no joelho de uma das pernas para poder caminhar. Seu nome? Marco Antônio, o “Marquinhos”, irmão do Nenê, Cleuber e da belíssima Jussara, que conheceria na sequência. Todos filhos da professora viúva, Dona Leonita, que falava alto e saía de manhã cedo e só voltava à noite para casa. Marquinhos, o mesmo que viria a tornar-se um dos maiores roqueiros do Brasil, Fughetti Luz. 

E o Fughetti te acolheu imediatamente?

Sentado na entrada do prédio da Avenida dos Industriários, onde morava, Marquinhos me chamou e perguntou: -Estás morando aqui, Foguinho (por causa dos cabelos avermelhados)? -Sim, moro ali (e apontou) com meu irmão. Cheguei ontem. –És irmão do seu Inácio?. Era. Naquele mesmo dia, à noite, fui levado por Inácio à casa da professora Noêmia, do Grupo Escolar Gonçalves Dias, para encaminhar minha vida escolar. Após um rápido teste, ela sentenciou:  Ficaste dois anos parado e é bom que repitas o quarto ano para te atualizar. Assim foi feito. Depois, fez o Ginásio e o Clássico no mesmo local, onde, à noite, funcionava o Colégio Estadual Noturno Dom João Becker.

Completei os estudos na PUCRS, me formando na Faculdade dos Meios de Comunicação Social (Famecos), em Jornalismo, Publicidade e Propaganda.  Bem mais tarde, realizei uma especialização em Direção de Empresas dos Meios de Comunicação Social na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), paga pela Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb), onde trabalhava. 

Tiveste outros trabalhos fora do jornalismo na adolescência?

Quando fiz 14 anos e já estudando à noite, meu irmão falou para eu arrumar um emprego para ajudar nas despesas da casa. Até sugeriu que eu vendesse o jornal Folha da Tarde na região/zona. Fiz que não ouvi. Trabalhei um mês na Auto Pertences, na Farrapos, e fui demitido, pois não entendia nada do assunto e só ficava tomando cafezinho. Depois fui para um atacado de coisas para costura, linhas, botões, zíperes, etc. Era eu, um gerente e o dono que era o próprio vendedor e passava o dia inteiro de moto na rua. Eu separava os pedidos e saia para fazer as entregas de bonde por toda a cidade. Um dia flagrei o gerente agarrado com a mulher do dono e acho que isto determinou minha segunda demissão em tempo recorde. 

Segui batendo perna nas ruas, de loja em loja, até que cheguei num bazar na Assis Brasil, perto do campo do São José e da fábrica Zivi-Hércules, e dei de cara com um aviso na vitrine: Precisa-se de rapaz. Era a Distribuidora de Louças Nilo J. da Cunha. Seu Nilo me mediu com os olhos, me achou muito fraquinho/franzino e me despachou. Mas um alemão grandão que estava com ele, falou: Dá um chance pro guri, rapaz. Experimenta ele uns dias. Já estava lá na calçada, desolado, quando ouvi o grito da Terezinha, a balconista: Ei. Vem cá. Volta aqui! O alemão era Bernardo, vendedor do Alumínios Royal e maior amigo dele. Ali, trabalhei até sair para o quartel, separando pedidos dos vendedores e encaixotando louças e outros artigos e muitas vezes saí junto com o motorista José Sanchez para entregas na grande Porto Alegre e no interior do estado. Nas épocas de festas também ajudava no atendimento na loja. Vendia bem. 

E agora, aos 80 anos, como está a questão da saúde com este processo de surdez? 

Em agosto de 2002, na última viagem do governador Olívio Dutra ao exterior, à Alemanha, acompanhei a delegação, que era composta também pela secretária de Energia, Dilma Rousseff. O objetivo principal era captar recursos/parcerias para desenvolver projetos na área de energia solar. No retorno desta viagem, já em casa, deitei para descansar e foi quando senti um enorme estrondo dentro da minha cabeça. E muita dor. Fiquei quieto, sem poder nem me mexer. Peguei no sono e quando acordei senti que estava ouvindo com dificuldades. Portanto, estou no processo de ficar totalmente surdo há muitos anos. Fui a dois especialistas que me disseram que não tinham nada a fazer. Era esperar. Fiquei esperando. E já cansei. 

O que sente uma pessoa com surdez quase total?

Passei mais de 50 anos exercendo com paixão absoluta uma profissão cuja base é ouvir, ver/enxergar e relatar. De repente, não ouço, vejo muito pouco. É complicado. Adaptação difícil. Não desejo para ninguém. Imaginem tudo o que perdi de ver e ouvir nestes últimos dez anos. Não vou mais a cinema, teatro, futebol. Parei de ler livros. Mas o que me faz mais falta é conversar com os amigos, dialogar, trocar ideias. Tentei retomar estes contatos e me senti absolutamente incomodado/ridículo por não ouvir o que as pessoas me falavam. 

Vou até fazer uma confissão: nos últimos anos em que trabalhei, como diretor de jornalismo da Fundação Piratini – TVE e FM Cultura, havia reuniões de diretoria em que eu ouvia apenas partes das discussões, embora procurasse sempre me posicionar em posições estratégicas na mesa. No dia em que desci o Morro Santa Tereza pela última vez, aos 70 anos, cheguei em casa e comuniquei: não vou trabalhar mais. Parei. Só não disse as razões. Mas um dia estava no quarto/escritório escrevendo com a TV ligada e, de repente, o som desapareceu completamente. Levantei todo o volume e nada. As gurias gritaram lá da sala: Pô, pai, baixa um pouco o volume. A gente nem pode conversar. Eu acabara de ficar quase totalmente surdo. Há dias em que não ouço absolutamente nada. E isto prejudica também o equilíbrio para caminhar; por isto, passei a usar bengala, o que me ajuda bastante. 

Passei mais de 50 anos exercendo com paixão absoluta uma profissão cuja base é ouvir, ver/enxergar e relatar

De onde surgiu a ideia de escrever três livros de vereda ao mesmo tempo?

Quando tive alta do hospital em São José-SC, na covid, pela primeira vez, morava em Palhoça. Saí 13 dias depois com 25 quilos a menos e desconfiado de que tinham me mandado embora para morrer em casa. Me sentia mais péssimo que hoje. Meio em pânico, reuni tudo que havia escrito até ali, acrescentei mais alguma coisa de última hora, deu três volumes (O Bode Azul, 436 páginas; Palavras Soltas, 404 páginas; e As Outras Coisas, 160 páginas), que mandei para a gráfica, para imprimir 100 volumes de cada. Era o que dava para fazer com um empréstimo que havia tomado. 

Distribui quase tudo para amigos, com uma carta pedindo R$ 100,00 para cada um. Sucesso quase absoluto, pois recebi mais que o suficiente para as despesas. Mas a ideia não era “escrever livro”, mas sim ter um registro escrito do que tinha feito na vida para deixar para filhas, netas e outros parentes que viessem, por acaso, a se interessarem. Neste sentido, acho/desconfio que não tive muito sucesso. Creio que poucas pessoas leram. Quase tudo que está escrito é 100% verdade. Há pouquíssima ficção. Quase nada, diria. Nem tudo é porcaria. Há algumas partes que se salvam. No formato são livros, mas não eram para ser. Só registros. 


Palavras Soltas tem 404 páginas com memórias do jornalista / Reprodução

Como começou a tua luta na esquerda?

A vida pela esquerda começou cedo, pelos oito anos, ao ver a líder da direitista União Democrática Nacional (UDN), professora Betina Ferreira da Silva, roubar o decisivo voto de sua irmã doente, Lenira, para o candidato a vereador Jair Cardoso contra o candidato do esquerdista Partido Social Democrático (PSD), Osni Souza. Eles empataram em 202 votos e Jair foi declarado vencedor pela idade. Era o mais velho. Isso lá em Imbituba. Outro episódio decisivo aconteceu quando tinha dez anos, ao ver de novo Dona Betina sorridente ao anunciar para os alunos que estavam dispensados da aula, pois “o Presidente da República se matou”, no dia 24 de agosto de 1954. Naquele ano completei o primário e fiquei dois anos sem estudar porque a família não tinha condições de bancar a continuação na cidade de Imbituba ou em Laguna. 

Neste período sofri diversas vezes pressão dos padres que queriam me levar para o seminário e do irmão muito mais velho, Inácio, que mal conhecia, e morava em Porto Alegre. Inácio fugira de casa dois anos antes do meu nascimento, junto com a irmã Eulália, que não aceitaram ver o pai viúvo casado com minha mãe, dona Inez. A palavra final foi da mãe: – Ele é quem vai decidir para onde quer ir. Naqueles dias, com a morte do pai, já discutiam em casa que alguém deveria ir embora, “se mudar”, pois as terras que há anos cultivavam estavam saturadas e já não davam conta de sustentar toda a família com o que produziam. Uma mentira deslavada, pois o que sonhavam mesmo era deixar o trabalho duro sol-a-sol na roça. 

O Porta Larga (bar nas proximidades de ZH, que já fechou) tinha uma longa tradição em receber todos os dias jornalistas das redondezas?

Na redação da Zero Hora na Sete de Setembro, tínhamos no outro lado da rua o Clube Nordestino, com um salão grande com mesas de snooker, onde fazíamos nossos lanches e bebíamos alguma coisa. Quando mudamos para a Ipiranga, Fernando “Cascatinha” Albrecht e mais alguns passaram a procurar algo parecido pelas redondezas. Frequentamos a tenda do Seu João, na Avenida Ipiranga, um simpático trabalhista que só falava em Getúlio e Brizola do então PTB. Passamos por outros botecos e no Postinho (o Posto Shell da Ipiranga), mas não nos ambientamos. Até que um dia descobrimos, na Rua Arlindo, atrás do prédio novo da ZH, o Porta Larga, um velho armazém com uma imensa porta que era gerido pelo Seu Aleixo, a mulher e os filhos. Uma “venda” das antigas, onde tinha de tudo. A gente sentava nos sacos de feijão, farinha, arroz e de vez em quando tínhamos que levantar para que eles pudessem pegar os produtos para pesar e vender a granel para alguém. Comíamos sanduíches e picadinhos diversos, feitos ali, na hora, e bebíamos desde as mais inocentes guaranás e cocas às mais perigosas cachaças e uísques diversos. 

Com a expansão da RBS, eles se mudaram para um prédio novo na Cascatinha, ao lado da boate Miriam. Com a presença frequente de jornalistas e até alguns artistas que iam na ZH para dar entrevistas e acabavam passando por lá, além das meninas da boate, que ficavam por ali até o começo dos seus “expedientes”, o Porta Larga acabou virando por anos um point cultural da cidade e sede da Banda DK, a primeira e mãe das outras todas, e inventada pelo Pernambuco. A Banda DK chegou até a abrir os desfiles oficiais de Carnaval com o prefeito Alceu de Deus Collares, pois seu vice, Glênio Peres, era frequentador do local. 

E também um ano elegeu uma das princesas do Carnaval, a filha do músico e também frequentador do Porta, Ivaldo Roque. O desfile da banda saía do Porta no primeiro dia de Carnaval e ia até a Perimetral, puxada à frente pela extravagante e esplêndida bailarina Nêga Lu. A Comissão de Frente seguia pela calçada da direita, liderada por Melchíades Stricher, Wladymir Ungaretti, o pernambucano vendedor de jóias Cacá, Paulo Maciel, Luiz Pilla Vares, Glênio Peres, Fernando “Diabão” Saez, Fernando “Cascatinha” Albrecht, Luis “Chuvisco” Fonseca, entre outros. Pernambuco não se continha e ia lá no meio, como uma espécie de maestro da banda, sempre formada por músicos de altíssimas qualidades.

Quando ela perdia o tesão, alguém gritava: A Banda morreu !!! E ela voltava com tudo. Mas o dia de maior glória do Porta Larga foi quando o Juarez Fonseca apareceu lá pelo meio dia de um sábado acompanhado sabe de quem? Nada mais nada menos que Paulinho da Viola, que acabara de ser eleito/consagrado por uma importante revista como o Homem Mais Elegante do Ano no Brasil.  Perguntado se queria almoçar peixe ou carne, Paulinho disse que preferia peixe. Uma comissão foi formada às pressas, recolheu grana entre os presentes e correu ao Mercado Público (antes que fechasse) comprar duas tainhas enormes que foram recheadas com camarão para assar na brasa junto com as carnes que já estavam no fogo. 

Enquanto isso ia acontecendo, o samba já comia/corria solto com Paulinho no cavaquinho, José Antonio “Gaguinho” Ribeiro no violão, Fróes no surdo, Ademir “Ximba” Fontoura no pandeiro. E ia juntando gente. Para encurtar a conversa: pelas 17h30min da tarde, Juarez teve que pegar Paulinho disfarçadamente e se retirar do local do evento. Já havia um enorme engarrafamento nos dois lados da Cascatinha, pois todos que passavam, viam que o Paulinho estava ali e iam diminuindo a marcha dos carros, com a calçada em frente do Porta já totalmente tomada de gente. 

Até a minha mulher foi em casa, pegou a Mariana, que tinha menos de um ano e trouxe para fazer uma foto com Paulinho. Pelo Porta Larga passou a nata dos artistas gaúchos. Lembro que no fim da tarde de um certo dia até o Seu Maurício Sirotsky (dono da RBS) apareceu por lá acompanhado do genro, Marcos Dvoskin, que era diretor administrativo de ZH. Vendo todo mundo ali, Seu Maurício sugeriu ao Gaguinho: “Por que tu não instalas aqui uma extensão (de telefone) da Editoria de Esportes? Facilitaria tudo”. 

Depois da presidência do Sindicato ainda tiveste tempo de trabalhar no Coojornal, a cooperativa dos jornalistas que tanto fez sucesso?

Quando estava para sair do Sindicato, em 1980, o Osmar Trindade pediu uma reunião para tratar “de assunto sério”. Disse-me que a Coojornal estava rachada para a eleição e os conselheiros haviam sugerido que só o meu nome poderia unificar uma chapa para a eleição, com ele para presidente e eu vice. Um exagero, claro. Achei uma baita sacanagem, depois de três anos à frente do Sindicato. Mas são aquelas missões/tarefas em que tu não podes escapar/recusar.

Neste período, enfrentamos prisões. Foi um período terrível, quando prenderam o Elmar Bones, o Rafael Guimaraens, o Osmar Trindade e a Rosvita Saueressig. Só nos sobrou enfrentar a situação e tirar o pessoal da cadeia. Fizemos um movimento nacional para alertar sobre o que estava acontecendo. Acho que a Coojornal ainda não recebeu uma análise profunda do que ela representou e de sua evolução. A cooperativa nasceu como um movimento profissional, mas ao mesmo tempo político, sofreu todo tipo de ameaça e perseguição. A parte política foi muito bem cumprida, mas na hora em que houve a abertura política, não soubemos encontrar a saída para mantê-la como projeto profissional e comercial que se inserisse no mercado. Nós, jornalistas, falhamos nisso.

Acho que a Coojornal ainda não recebeu uma análise profunda do que ela representou e de sua evolução

Depois de 16 anos de RBS foste para a África? Como surgiu esta possibilidade?

No início de 1984, Licínio Azevedo, jornalista e cineasta gaúcho, que trabalhava em Moçambique, estava de férias em Porto Alegre. Um belo dia, o jornalista Osmar Trindade me ligou, convidando a mim e a minha mulher para irmos num “queijos e vinhos” na casa do Olides Canton e da Ângela Pinheiro Machado, que eram casados e moravam num edifício na esquina das Ruas Mariante e Dona Laura. Era uma conversa com o Licínio. Lá fomos nós, com a Mariana de cinco/seis meses a tiracolo. Já no meio da conversa, Olides chegou e foi direto ao quarto e de lá falou aos berros: Pô, Ângela, de quem é esta criança que está aqui na minha cama? Nos entreolhamos e minha mulher saiu correndo para salvar a menina. De repente, Licínio tomou um tom solene no meio do papo furado e contou que estava em Porto Alegre para levar dois jornalistas para trabalhar no projeto em que ele atuava em Moçambique, o Gabinete de Comunicação Social (GCS). Disse que um deles já havia definido, que era o Trindade. Eu o interrompi e disse categórico: O outro está aqui.

Como eu era editor em ZH e ganhava relativamente bem, ele meio que não acreditou. Só não sabia que eu já não conseguia quase nem entrar no prédio da RBS. Só chegava lá depois de passar no Porta Larga (bar frequentado por alguns jornalistas antes, durante e depois do expediente) e pedir a bênção. O salário que ele oferecia em dólares era equivalente ao que eu recebia em ZH, com a vantagem de que ganharia junto a mesma quantia em meticais, moeda moçambicana. Um sinal de que daria para economizar quase tudo que receberia em moeda estrangeira. E dia 15 de fevereiro, embarcamos os três no Rio de Janeiro, rumo a Joanesburgo, África do Sul. Com medo, pois havia a possibilidade de que Trindade, que já tinha sido preso por motivos políticos, fosse, na última hora, impedido de sair do Brasil pela Polícia Federal. 

Mas, sem empecilhos, partimos, ouvindo, nos alto-falantes do aeroporto, Maria Bethânia (eu pela primeira vez) cantando Negue, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos. A chegada em Moçambique foi um reencontro com algumas palavras/verbos que eu usava/ouvia em criança no Mirim (Imbituba-SC), zona de colonização açoriana. Como apinchar (atirar, jogar alguma coisa para alguém), mata-bichar (primeira alimentação do dia para matar o bicho, café da manhã), escambo (troca de coisas, produtos, mercadorias), coruja (rosca de polvilho), equipa (equipe), bicha (fila) e outras. 

O que fazias em Moçambique?

Uma das minhas principais atividades em Moçambique durante quatro anos foi dar aulas – ensinar agricultores vindos das aldeias comunais apenas com o curso primário a escreverem uma notícia. E dizendo o que era importante para eles noticiarem. Eram os cursos anuais de Correspondentes Populares para a formação de “repórteres” que mandavam as notícias para o jornal O Campo e programas da Rádio e da TV Moçambique e para uma sessão no jornal Diário de Moçambique. Não há satisfação maior para um jornalista do que receber lá da aldeia comunal uma carta/informação feita por um agricultor apenas com o curso primário que você mostrou para ele, em aulas embaixo de uma enorme mangueira, como é que se escreve uma notícia. É impagável em qualquer moeda. 

Não há satisfação maior para um jornalista do que receber lá da aldeia comunal uma carta/informação feita por um agricultor

Recebeste apoio para esta ‘aventura’ africana? O que te movia para este desafio?

Quando eu fui, todo mundo achou loucura. Todo mundo na ZH deu seu palpite. Mas Moçambique foi uma escola. Acho que pude ajudar muitas pessoas a evoluir, nos sentidos humano, social, profissional. Muitos não tinham perspectivas e hoje são grandes jornalistas do país ou professores universitários. Depois, ainda passou mais seis meses na Guiné-Bissau, desenvolvendo o mesmo trabalho: mas na Guiné foi muito mais complicado, porque o território é um décimo do de Moçambique, onde há 14 idiomas nacionais, e lá há 37 etnias com línguas diferentes. No país, foram realizadas inúmeras atividades sociais, porém, quando o governo percebeu a possibilidade de mobilização e de conscientização em função daquele projeto, tratou logo de suspendê-lo. Esse foi um dos fatores que acarretaram na volta da família ao Brasil. O outro foi a preocupação com a educação da filha, que já estava com seis anos e cresceu como uma moçambicana.

E na Guiné o que aconteceu de interessante nesta tua estadia em terras africanas?

Depois de sair de Moçambique, trabalhei meio ano na Guiné-Bissau no segundo semestre de 1989. Como assessor técnico de nível superior do Unicef, assessorando em comunicação social os projetos que a ONU desenvolvia lá, principalmente na área da Saúde. E criando o Gabinete de Comunicação Social (GCS) de lá. Tinha só a Rádio Nacional. A TV Educativa foi criada quando estava lá. E apelidamos o principal apresentador do noticiário de Cid Moreira. Era o único jornalista formado no país (fizera um curso no Rio de Janeiro, dizia). Não havia jornal em papel. O No Pintcha, único do país, estava fechado há mais de um ano. Diziam que era porque a impressora havia quebrado. Mentira. Havia uma gráfica que poderia imprimir, se quisessem. Governo revolucionário linha dura não tinha interesse. Inventamos um jornalzinho (Jornal Comunitário) que circulava nas repartições públicas e era colocado numa banca/loja no centro de Bissau.

Depois que o governo mandou parar tudo, passei o resto do tempo tomando cerveja com passarinho frito nos bares até vir embora. Lá cultivam muito arroz no banhado e quando vai chegando a época da colheita, milhões de passarinhos atacam as plantações. Então, eles põem redes enormes protegendo os arrozais e pegando os passarinhos. São servidos em todos os lugares nos mais variados e deliciosos pratos. Eu só comia frito.

Criamos um grupo de teatro para a animação cultural na área da saúde com shows e animação nos bairros da cidade, reunindo todos os projetos estrangeiros que atuavam no país. A coisa foi tomando corpo e quando fizemos um show com a banda Mama Jombo, a mais importante do país, que quase lotou o estádio construído pelos chineses, mas que funcionava só para festas e casamentos, recebemos a orientação de que era para parar tudo. Quando falava com os técnicos que trabalharam com o filósofo-educador Paulo Freire na sua passagem por lá, eles caíam no choro. A maior mobilização que vi no país foi quando da visita de Yasser Arafat, líder da OLP – Organização da Libertação da Palestina. O povo admirava ele e Bissau inteira saiu às ruas para saudá-lo. Com a saída da minha chefe italiana e a chegada de um chileno para o lugar dela, me ofereceram renovação do contrato por mais seis meses. Pedi dois anos e não me deram. Vim embora. 

Como foi a volta ao Brasil?

Em 1990, quando cheguei de volta ao Brasil, já tinha proposta de trabalho: consegui passar dos 60 anos sem nunca ficar desempregado. Assumi a Comunicação do Conasems (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde), onde fiquei por quatro anos. Nesse período, atuei ainda na UnB (Universidade de Brasília), primeiro na produção de informativos, depois, como coordenador de Comunicação. Também passei pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, como coordenador do Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária. Convocado para cobrir férias no Correio Braziliense, fiquei cinco anos no jornal, somando mais uma atividade ao meu currículo na capital federal.

E quando decidiste voltar a Porto Alegre?

O retorno se deu com a eleição de Olívio ao Governo do Estado, em 1998, quando assumi a redação do Palácio Piratini. Foi um período bom, de trabalho com uma equipe ótima. Fizemos um jornal mensal, O Estado do Rio Grande do Sul, e a coordenação de Comunicação do Fórum Social Mundial. Ao fim do governo, em 2002, voltei a Brasília para assistir à posse de outro colega dos tempos de sindicalismo: Lula. A ideia era seguir viagem para o Nordeste, mas ainda no aeroporto encontrei Geraldo Canali, que me avisou que estava cotado para assumir a coordenação de Jornalismo da Prefeitura – na época, João Verle era o prefeito – a convite de Ayrton Kanitz. Na quinta edição do FSM, participei mesmo estando fora do governo, dessa vez, como correspondente da Agência Carta Maior. E depois voltei para o governo, a convite do Olívio, ministro das Cidades, para trabalhar na Trensurb. Ainda trabalhei como chefe de Jornalismo da Assembleia Legislativa do RS na gestão do presidente Adão Villaverde, a convite de André Pereira, em 2011/2012. 

O retorno se deu com a eleição de Olívio ao Governo do Estado, em 1998, quando assumi a redação do Palácio Piratini

E o relacionamento com a imprensa de Porto Alegre como foi?

Desde o dia em que foi anunciada a vitória/eleição do meu amigo Olívio Dutra como governador em 1998, começou o massacre da RBS e das demais empresas de comunicação do RS. Durou quatro anos, de 1999 a 2002. Não havia na imprensa gaúcha um só jornalista que defendesse o governo e suas ideias/propostas/realizações. Olívio era tudo que não prestava para os ricaços: trabalhador bancário, sindicalista e defensor do direito de greve, que até já tinha sido preso por isto. Uma ameaça. Eu estava em Brasília. Recebi o primeiro telefonema do Geraldo Canali me convidando para vir trabalhar no Governo do Estado e não vacilei. Logo pedi demissão do Correio Braziliense, onde estava há cerca de cinco anos. 

A informação era de que poderia ir para a Secretaria da Saúde, já que era amigo da Maria Luiza Jaegger. Em seguida falaram que eu iria para a TVE com o José Roberto Garcez. E finalmente definiram: eu ficaria no Palácio Piratini. Lembro que logo que cheguei na assessoria, local que não conhecia, vi que o espaço no porão da sede do Executivo era todo dividido em quadradinhos de vidro e falei (acho que para a competente chefe Denise Mantovani, que acabara de conhecer, e para o secretário Guaracy Cunha, que já conhecia de outras paragens) que o bom era derrubar tudo aquilo e transformar como numa redação de jornal. Quadradinho mágico de vidro, só para a chefe. E isto foi feito. Guaracy e Denise montaram uma assessoria da mais alta competência. Foi criado, para contrapor tanta má vontade com o governo, o jornal O Estado do Rio Grande do Sul, editado por Vera Rotta. 

Como vês o jornalismo atual?

De vez em quando me encho de coragem e digo que o jornalismo acabou. Não existe mais. Morreu no Brasil. É que quero me referir ao que fazíamos lá quando eu comecei, na década de 1960. Naquele tempo o jornalismo mais importante era o escrito, em papel, que você recebia em casa ou comprava na rua, na banca. Hoje ele se mudou para a internet e precisa abrir as páginas para lê-lo. E já nem precisa ser jornalista para fazê-lo. Qualquer um pode. Também inventaram uma série de “qualificações” para o jornalismo: de opinião, de mercado, de pesquisa, de resultado, investigativo, etc. Só o que eles não têm coragem de dizer é que atualmente fazem um jornalismo parcial. É um jornalismo que esconde a informação principal do título para aguçar sua curiosidade e obrigá-lo a abrir o texto.

O problema é que não tenho nenhuma intimidade com os jornalistas que atuam hoje. No meu tempo havia exigência de diploma para entrar na profissão e hoje “qualquer um” pode ser jornalista. Então, são profissionais diferentes os do tempo em que eu entrei no jornalismo e os de hoje. É uma relação impossível. Quando eu comecei, uma equipe para fazer rádio, TV e jornalismo escrito era composta por sete pessoas e tinha que sair de Kombi ou Rural Willys. Hoje, uma pessoa só e até usando seu próprio carro sai e faz tudo sozinho e ainda estufa o peito porque é o “tal”, o bom.

Tenho dificuldade em dialogar com alguém que não é jornalista formado e ocupa uma vaga na profissão em qualquer área. Acho-o um usurpador. Um falso. Um enganador. E para gente assim não posso recomendar nada, não tenho nada a dizer, pois considero-os capazes de tudo. São mais negociantes que jornalistas de verdade. Para os que estudam e se formam, posso recomendar que sejam honestos consigo mesmos. Esta é a base. Se você se respeita, automaticamente respeitará a profissão e as outras pessoas e trabalhará com isenção, perseverança, sempre em busca da verdade, que é a chave mestra da profissão.

E o teu coloradismo continua firme?

Um dia cansei de ouvir os gremistas dizerem que são campeões do mundo e imortais. Duas mentiras deslavadas. Passei a contestar, dizer que eram os “imortais” que mais morriam no mundo e que eram campeões mundiais fakes, só de dois continentes, pois o Mundial de Clubes FIFA começou a ser disputado só no ano 2000. O Grêmio é Campeão Intercontinental (só de dois continentes). Passei a chamá-los carinhosamente de Toyotinhas (em referência à Copa Toyota). Muitos deles me amaldiçoaram e alguns até tive que deletar. Mas o Carlos Henrique Esquivel Bastos e o Eduardo “Dudu” Guimaraens são meus amigos queridos e já se convenceram que minha tese/argumentação é a correta. O Dudu até me ajudou a esclarecer, mostrando uma declaração da FIFA que “reconhece” o mundial deles. Se precisa de uma declaração que “reconhece” é porque não é. Óbvio. No RS tem só um Campeão Mundial FIFA, o Internacional, o Campeão de Tudo (menos da Série B, onde, por puro descuido, estivemos só uma vez).


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