Um congresso decisivo para uma conjuntura desafiadora

Os metroviários de todo o Brasil concluíram, no último domingo, dia 10 de fevereiro, seu Congresso. Este encontro ocorreu em um momento crítico, em que o setor metroferroviário enfrenta sua mais profunda e grave crise.

Particularmente, o setor de passageiros, representado pela Fenametro, vive dilemas e desafios únicos nesta quadra histórica. Nos últimos 50 anos, o Brasil construiu suas redes de metrôs e trens urbanos em cidades que cresceram de forma desordenada e acelerada.

É importante relembrar que todos os sistemas que pertencem ao Governo Federal, aos estados, ou são operados pelo setor privado, foram construídos com recursos públicos. Atualmente, os metrôs vinculados à CBTU e à Trensurb permanecem sob gestão pública. No entanto, em 2022, o metrô de Belo Horizonte foi desmembrado da CBTU e concedido ao governo de Minas Gerais, que o privatizou.

O tema central do Congresso foi como atuar nesse cenário brutalmente adverso. A diversidade das particularidades enfrentadas por cada empresa torna a situação ainda mais complexa.

Precisamos, urgentemente, impedir que o Governo Lula siga a trajetória privatista de seus antecessores que, desde o governo FHC, têm degradado os sistemas de transporte com o intuito de entregá-los à gestão privada. Esse movimento é criminoso, pois continuará a utilizar recursos do orçamento público para sustentar lucros ajustados ao mercado.

É fundamental que realizemos uma campanha ampla e fundamentada para reestatizar o metrô de Belo Horizonte, que foi privatizado em uma atitude de lesa-pátria sob a gestão do governo Zema.

Em São Paulo, o desafio será colossal. O governo ultraconservador de Tarcísio de Freitas utiliza uma retórica fascista para desmantelar o aparato estatal, atendendo aos interesses do imperialismo dos EUA. Ele se vale da estrutura pública de poder para anunciar, com sarcasmo, que será o governo que mais desestatizará, sendo um dos mais perversos da ultradireita, talvez só comparável ao governo Milei na Argentina.

Os companheiros e companheiras do DF enfrentam um governo local com alinhamento aos valores mercantilistas. Que usa as regras perversas do mercado para oprimir os empregados e operar a empresa com regras empresariais privadas.

Os metroviários do Rio de Janeiro também enfrentarão grandes desafios. Será necessário um debate robusto com o governo municipal para superar a drástica perda de passageiros do sistema carioca.

Situação semelhante ocorre no Rio Grande do Sul, onde a Trensurb tem enfrentado uma queda impressionante no número de usuários, operando atualmente com apenas metade do público da última década.

Além de repensar a Trensurb, exigimos que a direção da empresa, escolhida pelo governo Lula, seja propositiva, apresentando alternativas para a cidade de Porto Alegre e sua região Metropolitana.

Devemos nos apropriar da fala do presidente Lula, que afirmou que é nas cidades onde tudo acontece. Essa verdade deve ser utilizada para afirmar que só teremos cidades justas e com equidade social se os sistemas de transporte forem públicos e acessíveis.

Não haverá sistemas socialmente justos e ambientalmente sustentáveis sob a gestão do mercado.

Devemos enfatizar ao Governo Federal que os metroviários são seus aliados, muito antes dos fundos financeiros imobiliários, que visam apenas o lucro e a construção de cidades poluidoras e segregadas.

Os metrôs promovem vida e saúde pública. Financiar automóveis movidos a combustíveis fósseis é caro e gera doenças respiratórias, além de contribuir para o trânsito caótico de nossas metrópoles.

Por fim, é importante destacar que o novo mandato da Fenametro, sob a liderança do companheiro Luís, presidente do sindicato dos metroviários de Pernambuco, terá na unidade dos metroviários sua “pedra angular.”

As lutas sociais urbanas, pelos direitos democráticos, pelo direito à moradia digna, pela saúde pública, pela preservação ambiental e pela reforma urbana terão na direção da Fenametro sua mais forte aliada.

Contra as privatizações de todos os sistemas de transporte público.

* Diretor da Fenametro

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.


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