Trabalhadores argentinos são resgatados de condições precárias na zona rural de Vacaria

Três trabalhadores argentinos foram resgatados em uma propriedade rural de Vacaria, no Rio Grande do Sul, após serem submetidos a condições análogas à escravidão. A operação foi realizada na quinta-feira (20) por fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Este é o terceiro caso registrado no estado em 2025 envolvendo vítimas do país vizinho.

A denúncia foi feita uma semana antes da operação, apontando que os trabalhadores estavam sem pagamento, com pouca comida e sujeitos a alojamentos precários. Segundo relatos, eles também sofreram ameaças com armas de fogo e foram expulsos do local após tentarem protestar contra a situação.

Falta de estrutura e condições degradantes
De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a moradia improvisada era feita de madeira e foi construída pelos próprios trabalhadores. O local não tinha portas, camas ou instalações elétricas seguras.

As vítimas realizavam a colheita de cebola, beterraba e cenoura sem equipamentos de proteção individual (EPI) e faziam as refeições sob tendas improvisadas no meio do mato. Além disso, enfrentavam descontos abusivos nos valores a receber, chegando a ganhar apenas R$ 100 ou R$ 150 por semana, devido a cobranças excessivas por alimentos, bebidas e alojamento rudimentar.

Medidas adotadas após o resgate
Os trabalhadores, com idades de 36, 26 e 17 anos, receberam acolhimento de instituições locais. O empregador foi autuado pela fiscalização e assinou um Termo de Ajuste de Conduta com o MPT, comprometendo-se a pagar salários atrasados, rescisões e providenciar transporte para que as vítimas retornassem à Argentina.

Além disso, o MTE viabilizou a emissão de documentos essenciais, como CPF e carteira de trabalho, e garantiu aos resgatados seguro-desemprego, com direito a três parcelas de um salário-mínimo.

A operação contou com o apoio da Polícia Civil de Vacaria. Denúncias de situações semelhantes podem ser feitas anonimamente pelo Sistema Ipê (ipe.sit.trabalho.gov.br), que também disponibiliza informações sobre ações de combate ao trabalho escravo no Brasil.

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