Seleção Brasileira precisa de Neymar, mas não apenas deste Neymar

A situação da Seleção nas Eliminatórias é delicada, mas já esteve pior. Restando seis jogos para a conclusão do torneio, o Brasil aparece na quinta colocação, com 18 pontos, cinco a mais do que a Bolívia, sétima, que hoje iria para a repescagem, e seis a mais do que a Venezuela, primeiro time fora da zona de classificação.

A Seleção começou bem com o novo treinador em amistosos. No entanto, quando os jogos valiam pontos, as atuações foram aborrecedoras. Um deserto tomou conta da seleção. Até mesmo o melhor jogador do mundo, Vinícius Júnior, ficou apagado. Diante deste cenário, é nítida a necessidade de um atleta que assuma a responsabilidade de liderar a equipe. Esse jogador pode ser Neymar, mas não o Neymar de hoje ou das últimas Copas do Mundo.

Neymar tem dado as cartas pelo Santos apesar de ainda não ter deslanchado ou exibido o belo futebol de seus áureos tempos. Desde que retornou ao clube paulista, participou de sete jogos, anotou três gols e deu três assistências. Os gols marcados pelo atacante foram todos de bola parada: falta, pênalti e escanteio. O gol olímpico contra a Internacional de Limeira fez brilhar os olhos.

O Santos não tem jogadores de alto nível técnico, e a missão atual de Neymar é mais complicada do que a de 15 anos atrás. Por isso mesmo, a seleção será um bom palco de avaliação do nível do atacante. Não há dúvidas sobre sua habilidade.

O desafio de Dorival Júnior é explorar a capacidade de liderança positiva de Neymar para além da técnica. É fazer o que Tite não fez. Para retomar seu auge, Neymar precisa estar 100% física e mentalmente e concentrado no seu grande objetivo: levar o Brasil ao hexacampeonato mundial.

A Seleção Brasileira precisa de Neymar muito por causa do futebol pobre, da falta de repertório e comando dentro de campo. Porém, não precisa do Neymar que se incomoda e gesticula a cada erro dos companheiros, do Neymar que pega birra de torcida adversária no interior paulista.

A experiência deveria fazer com que Neymar relevasse tais cenários e se mostrasse maior do que os eventuais incômodos, sem mimos ou benesses. Ele poderia entrar em campo com a ideia de potencializar novos craques, não de ser servido por eles. De ser o responsável por valorizá-los e inspirá-los.

“Ele (Neymar) poderia, talvez, ter alcançado ainda mais. É um jogador que se tivesse um pouco mais de tranquilidade e um desenvolvimento um pouco diferenciado ao longo da sua carreira, talvez pudesse ter encontrado ainda melhores resultados”, disse Dorival Júnior antes de assumir a Seleção. “Nunca é tarde (para conquistar o Mundial), está aí o Messi, como grande exemplo. Neymar tem essa capacidade de fazer as coisas acontecerem. Só depende dele.”

Dorival Júnior tem como meta fazer a Seleção render mais. O treinador tem em suas mãos a chance de montar um novo “quadrado mágico” com Raphinha, Neymar, Vinícius Júnior e Rodrygo, apostando na mobilidade, boa fase e técnica apurada destes atletas. Os adversários (Colômbia, dia 20, em Brasília, e Argentina, dia 25, em Buenos Aires) não vão permitir falhas e devem colaborar para substituir os pontos de interrogação por um ponto final, seja para comissão técnica ou jogadores. (Estadão Conteúdo)

Adicionar aos favoritos o Link permanente.