PT vai abrir mão de candidaturas em troca de apoios para a reeleição de Lula em 2026

Escolhido para um mandato-tampão na presidência do PT no lugar de Gleisi Hoffmann, nomeada ministra, o senador Humberto Costa (PE) defende que o partido faça acordos com o centro, abrindo mão de candidaturas, para impedir o avanço da direita nas eleições do ano que vem. Para ele, Lula é o nome mais forte e será candidato em 2026. Acredita ainda que, ao contrário das críticas, a chegada de Gleisi na articulação política vai ampliar o diálogo do governo com partidos e parlamentares.

1) O senhor assume o partido em meio à queda de popularidade de Lula. Como acha que chegará em 2026?

Vai chegar bem, sem dúvidas. Neste terceiro ano de governo, teremos espaço para colheitas em relação ao êxito de projetos e obras. O presidente vai ter muitos apoios e competitividade para vencer a eleição.

2) O PT manteve José Guimarães na liderança do governo e não abriu esse espaço para o Centrão. Acha que isso pode acarretar perda de apoio?

Não acredito. Guimarães tem ótimo trânsito na Câmara, aprovou a maior parte dos projetos enviados pelo governo à Casa. Não haverá problema algum com os partidos de centro.

3) Até agora, a reforma ministerial só mexeu em pastas comandadas pelo PT. Acha que é necessário dar mais espaço aos partidos da base?

O presidente tem trabalhado para que a reforma amplie a base de sustentação. Ainda estamos na expectativa de que movimentos Lula vai fazer. O Centrão já tem 12 ministérios, a maioria deles é forte, com recursos e orçamento. Qualquer movimento deve garantir a reciprocidade desses partidos que têm ministérios fortes e não nos garantem apoio permanente e estável. Mas, o presidente Lula saberá o que fazer.

4) Na sua opinião, de onde vêm as resistências no Congresso ao nome de Gleisi Hoffmann para a articulação política?

Essas implicâncias advêm do desconhecimento. A Gleisi cumpre tarefas e é versátil. Eu também já a achei alguém sem diálogo, mas o trabalho dela à frente do PT mostra hoje a amplitude de negociação e diálogo, até mesmo com adversários. Não se esqueçam que ela coordenou a campanha do Lula em 2022 e conseguiu apoios valiosos de outros partidos, fez a articulação muito bem feita.

5) A nomeação de Gleisi na SRI significa uma guinada de Lula à esquerda?

O governo não saiu (da linha) do que se colocava em seu programa de eleição. Não creio em guinadas neste sentido. A ida da Gleisi para lá nos ajuda.

6) Lula vacila na política econômica e deixa Haddad em situação complicada com a atual correlação de forças do Planalto?

Não. Lula tem construído em parceria com Haddad a atual política econômica. Não creio em um abandono.

7) Avalia que é necessário construir candidaturas com outros partidos da base para uma vida mais fácil do Congresso, caso Lula seja reeleito?

Sem dúvidas. Vamos retomar o Grupo de Trabalho Eleitoral (no PT), com prioridade nas eleições parlamentares. Justamente para termos menos dificuldades na aprovação de propostas. Em muitos lugares vamos apoiar nomes de centro em nome de um projeto maior.

8) Bolsonaro já disse em várias ocasiões que quer eleger um número máximo de senadores em 2026. O que fazer para impedir a Casa comandada pela direita?

Faremos a mesma coisa: teremos isso como prioridade do GTE. Os nomes serão escolhidos a dedo em cada estado. Em alguns estados abriremos mão de candidaturas para ter apoios de outros partidos. Com esse levantamento, debateremos com Lula e teremos o melhor quadro.

9) Como vê as críticas de que Lula se encontra ilhado e sem aliados com quem dividir as decisões em seu terceiro mandato?

É uma avaliação pouco precisa. O presidente sempre conversou com integrantes do Congresso. Não à toa aprovamos tantas medidas na Câmara e no Senado. Com a chegada da Gleisi, haverá ampliação do diálogo de Lula com partidos e parlamentares.

10) Qual seria o plano do PT pós-Lula, já que hoje não aparecem nomes com força suficiente?

O nome mais forte segue sendo Lula. Para 2026, ele é candidato. Até 2030 muita água ainda vai rolar. Temos governadores, ministros, prefeitos, que terão condições de disputar eleições. As pessoas se fiam em pesquisas para fazer essas avaliações.

11) Ao assumir o mandato-tampão, o senhor disse não ter interesse em permanecer no cargo depois de julho. Essa possibilidade está realmente descartada?

O compromisso que assumi é de conduzir a eleição direta do partido e transmitir a presidência. Eu não tenho pretensão alguma de me manter no posto. As informações são do portal Estadão.

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