“Democracia não é palavra vã”, diz a ministra do Supremo Cármen Lúcia ao relembrar a ditadura

A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), relembrou neste sábado (15), em um evento que celebra os 40 anos de redemocratização no Brasil, o período em que viveu sob a ditadura militar. Com um discurso focado na importância do Estado Democrático de Direito, a magistrada avaliou que a democracia não é uma “palavra vã”.

“Para nós que vivemos no período, democracia não é palavra vã. E não acho que seja para ninguém. Mas na minha geração foi luta, sonho e esperança”, afirmou durante a agenda promovida pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). Cármen falava sobre a vivência de sua geração durante a ditadura e narrava os impactos do regime na sua formação universitária.

“Eu fiz prova em direito constitucional em 77, na graduação, com o Congresso fechado. Eu tenho ainda a memória da minha sensação física de ter ouvido que eu não poderia escrever, em uma prova de uma faculdade de direito, que ideias que eu achasse que eram devidas, pelas circunstâncias que eu poderia me colocar”, contou.

A ministra ainda falou sobre a importância da promoção da igualdade social, que, para ela, é um componente fundamental da redemocratização. “Uma sociedade na qual mata-se uma mulher por ser mulher a cada seis horas não é uma democracia plena, pela singela circunstância de que não há democracia dos desiguais, dos desvalorizados, de pessoas as quais se comportam como se valessem menos do que as outras”, disse.

O reestabelecimento da democracia no Brasil após a ditadura militar (1964-1985) completa 40 anos, consagrando o período democrático mais duradouro desde a Proclamação da República, em 1889.

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