Além de ampliar a isenção do Imposto de Renda, o governo propõe desconto para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil

A proposta que vai isentar quem ganha até R$ 5 mil por mês de pagar Imposto de Renda (IR) também estabelecerá uma espécie de “escadinha” para quem tem rendimentos até R$ 7 mil por mês, com descontos progressivos a depender do salário.

Assim, segundo cálculos do Ministério da Fazenda, quem recebe R$ 6 mil, por exemplo, terá um desconto de 50% no recolhimento do imposto. Nessa situação, o imposto a pagar cai de R$ 574,29 para R$ 417,85, segundo os cálculos.

Esse modelo de desconto foi estabelecido para evitar, por exemplo, que um eventual reajuste salarial para quem tem o rendimento de R$ 5 mil/mês automaticamente retirasse a isenção do imposto de renda.

Ainda este ano, o governo também vai atualizar a faixa de isenção atual, de forma a cumprir o compromisso do presidente Lula de corrigir essa faixa anualmente. Esse foi um dos motivos, segundo a Fazenda, do impacto fiscal ser reduzido em 2026, de R$ pouco mais de R$ 32 bilhões para R$ 27 bilhões.

— Veja como fica o pagamento do IR de acordo com o projeto de lei:

* Até R$ 5 mil: isenção total do Imposto de Renda;

* De R$ 5 mil a R$ 7 mil: isenção parcial do Imposto de Renda;

* Acima de R$ 7 mil: aplicação da tabela progressiva normalmente (sem alterações).

— Veja como a redução acontece na prática:

* Quem recebe até R$ 5.000: isenção total, economia anual de R$ 4.356,89;

* Quem recebe R$ 5.500: o desconto é de 75%, economia anual de R$ 3.367,68;

* Quem recebe R$ 6.000: o desconto é de 50%, economia anual de R$ 2.350,79;

* Quem recebe R$ 6.500: o desconto é de 25%, economia anual de R$ 1.333,90;

* Quem recebe acima de R$ 7.000: as alíquotas progressivas de 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%, permanecem conforme é hoje em dia, sem aumento.

De acordo com o governo federal, um profissional autônomo que ganha R$ 5.450 mensais, por exemplo, passará a pagar R$ 180,56 de Imposto de Renda em 2026. Atualmente, a tributação sobre a renda cobrada dessa pessoa é de R$ 447,43.

Já uma enfermeira, por exemplo, cujo salário seja de R$ 6.260 por mês, paga R$ 670,18 de IR em 2025. Com a proposta do governo, a tributação passará a ser R$ 530,03.

A expectativa do governo é de que a ampliação da faixa de isenção seja implementada a partir de 2026. Para entrar em vigor, a medida precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Para compensar a perda de receitas que o aumento da isenção trará, o governo propôs a criação de um imposto mínimo de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.

A ideia do governo federal é que o imposto mínimo seja aplicado de forma progressiva até chegar a 10%.

Por exemplo, se um executivo tem renda anual de R$ 650 mil, a tributação mínima será de 0,83%. Já para uma investidora com renda anual de R$ 780 mil, o imposto mínimo será de 3%, segundo o Ministério da Fazenda.

O imposto mínimo deve atingir cerca de 141 mil pessoas, o equivalente a 0,13% do total de contribuintes do Imposto de Renda da Pessoa Física.

Com a proposta, a alíquota média será de 9% para as pessoas com rendimento superior a R$ 600 mil. De acordo com o governo federal, os contribuintes de alta renda pagam, em média, uma alíquota de 2,54% atualmente.

O projeto do governo federal estabelece que a população que já paga a alíquota mínima (10%) ou mais em imposto não será afetada com as novas regras.

Segundo a proposta, o imposto mínimo será aplicado às pessoas que pagarem um percentual menor do que o mínimo estabelecido. Neste caso, o contribuinte terá que complementar a diferença.

Por exemplo, se o contribuinte cuja renda seja de R$ 1,2 milhão anuais pagou 8% de IR, terá que pagar mais 2% para atingir os 10%. Por outro lado, se o contribuinte com R$ 2 milhões já pagou 12% de IR, não pagará nada a mais.

— Veja outros exemplos:

* Quem ganha R$ 600 mil por ano (R$ 50 mil/mês): nada muda. O contribuinte não será afetado e continuará pagando imposto normalmente, sem qualquer alteração;

* Quem ganha R$ 750 mil por ano (R$ 62,5 mil/mês): terá que pagar pelo menos 2,5% de imposto sobre esse valor. Isso significa um imposto mínimo de R$ 18,75 mil ao ano;

* Quem ganha R$ 900 mil por ano (R$ 75 mil/mês): o imposto mínimo será de 5% sobre a renda. Isso equivale a R$ 45 mil ao ano de imposto mínimo a pagar;

* Quem ganha R$ 1,05 milhão por ano (R$ 87,5 mil/mês): a alíquota mínima sobe para 7,5%, resultando em um imposto mínimo de R$ 78,75 mil ao ano;

* Quem ganha R$ 1,2 milhão por ano (R$ 100 mil/mês) ou mais: terá que pagar pelo menos 10% sobre sua renda total. Isso significa um imposto mínimo de R$ 120 mil ao ano. (Valor Econômico e CNN Brasil)

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