Leptospirose no RS: Secretaria da Saúde confirma 29 casos e 2 mortes pela doença após enchentes


Alagamentos aumentam chance de infecção, e governo alerta para necessidade de procurar serviço de saúde ao perceber sintomas como febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios. Bola de futebol é vista em poça entre rodovia e casas em Picada Mariante, no município de Venâncio Aires, que foram atingidas pela enchente que deixou cenário devastador após as fortes chuvas no Rio Grande do Sul
Fábio Tito/g1
A Secretaria da Saúde do RS confirmou, na tarde desta quarta-feira (22), duas mortes e 29 diagnósticos de leptospirose no período das enchentes que atingem o estado. Os casos foram confirmados após análise do Laboratório Central do Estado (Lacen), a partir da notificações enviadas pelos municípios.
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As duas mortes ocorreram em Travesseiro e Venâncio Aires. Veja mais abaixo.
De acordo com dados da secretaria, até o dia 19 de abril, foram 129 casos e seis óbitos registrados no estado em 2024. No total, no ano passado, foram 477 casos e 25 óbitos.
A leptospirose é uma doença endêmica, com circulação sistemática, como observa a secretaria. Os alagamentos, no entanto, aumentam a chance de infecção, e por isso a Saúde alerta que a população procure um serviço de saúde logo nos primeiros sintomas: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo, especialmente na panturrilha e calafrios.
Duas mortes
Os óbitos ligados à enchente começaram a ser confirmados pelas prefeituras nesta semana. Em Venâncio Aires, um homem de 33 anos faleceu no dia 17 de maio, de acordo com a prefeitura. A identidade dele não foi revelada. Segundo a prefeitura, ele teria adotado cuidados, como uso de botas nos alagamentos, mas mesmo assim manteve contato com a água.
E em Travesseiro, Eldo Gross, de 67 anos, faleceu pela doença, também em 17 de maio.
Eldo Gross faleceu devido à leptospirose em Travesseiro
Arquivo pessoal
O que é a leptospirose e como ela é transmitida
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela Leptospira interrogans. Ela é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente roedores.
Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá se infectar. A bactéria presente na água penetra o corpo humano pela pele ou mucosa.
Bovinos, suínos e cães também podem adoecer e transmitir a leptospirose aos humanos.
Embora na maioria das vezes a leptospirose seja assintomática, o quadro da doença pode evoluir e causar até mesmo a falência de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade média de 9%.
Aprenda o que é leptospirose e como a doença é transmitida
Importância da testagem laboratorial
A SES informa que, considerando o atual cenário de chuvas e cheias em várias regiões do Estado, casos suspeitos oriundos de área de alagamento e com sintomas compatíveis com leptospirose devem iniciar tratamento imediato e, quando possível, ter amostra coletada a partir do sétimo dia do início dos sintomas para envio ao Laboratório Central do Estado (Lacen).
O colapso na saúde do Rio Grande do Sul
Como é o tratamento
O tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita por parte de um profissional de saúde. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, para evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada.
Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco. O uso do antibiótico, conforme orientação médica, está indicado em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas.
Como o desinfeccionar o ambiente
Nos locais que tenham sido invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água.
Outras medidas de prevenção são manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados, manter a cozinha limpa sem restos de alimentos, retirar as sobras de alimentos ou ração de animais domésticos antes do anoitecer, manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos nos quintais ajudam a evitar a presença de roedores. A luz solar também ajuda a matar a bactéria.
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