Dólar sobe para R$ 5,75, após novo capítulo do tarifaço de Donald Trump

O dólar fechou a sessão dessa quinta-feira (27) em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,75, conforme investidores continuavam a repercutir as novas tarifas de importação sobre veículos anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Com o resultado, a divisa acumula alta de 0,61% na semana, recuo de 2,77% no mês e perda de 6,92% no ano.

Já o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores brasileira, a B3, encerrou o dia em alta de 0,47%, aos 133.149 pontos.

Mercados

As atenções dos mercados globais continuam voltadas para as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Além da expectativa que já existia pelo dia 2 de abril, quando as taxas recíprocas devem começar a valer, Trump anunciou na última quarta (26) tarifas de 25% sobre carros importados, que devem entrar em vigor no mesmo dia.

Investidores, analistas, empresários e consumidores temem que as medidas possam acelerar a inflação de uma gama de produtos e provocar uma recessão nos EUA – além de impactar preços e crescimento econômico de diversos países pelo mundo.

Diante da incerteza, os agentes financeiros têm preferido segurar suas apostas para qualquer direção, mantendo o dinheiro nos ativos mais seguros, como o dólar, o que justifica a valorização da moeda.

O anúncio também não agradou os mercados. As ações europeias, por exemplo, encerraram em seu nível mais baixo em quase duas semanas, pressionadas pelos papéis do setor automotivo. Os índices acionários norte-americanos também fecharam em queda.

Sobre as tarifas globais recíprocas, Trump afirmou que as taxas podem ser mais suaves do que o que se espera. “Vamos torná-las muito brandas”, disse. “Acho que as pessoas ficarão muito surpresas. Será, em muitos casos, menor do que a tarifa que eles [países] vêm cobrando há décadas.”

Enquanto isso, as expectativas de consumidores seguem se deteriorando. Relatório do Conference Board mostrou na última terça (25) que seu índice de confiança do consumidor caiu pelo quarto mês consecutivo em março e de forma mais acentuada que projeção em pesquisa da Reuters.

A preocupação de economistas é que o pessimismo dos consumidores possa refletir na economia real em breve, com queda do consumo e dos investimentos nos EUA, o que poderia contribuir para uma recessão.

Com isso, a divulgação da última leitura do PIB norte-americano ficou na mira dos investidores nesta quinta-feira. O indicador registrou uma alta anualizada de 2,4% na atividade econômica norte-americana, em desaceleração ante os três meses anteriores (3,1%).

Ambiente interno

No Brasil, o foco ficou com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de março, considerado a prévia da inflação oficial do país. O indicador foi divulgado na manhã dessa quinta.

O índice mostrou uma alta de 0,64% nos preços, resultado abaixo da média das projeções do mercado financeiro, que esperava um aumento de 0,70%.

Segundo o IBGE, o avanço foi puxado, principalmente, pela continuidade do aumento nos preços dos alimentos, além dos combustíveis, que também ficaram mais caros.

Apesar da alta no mês, porém, o resultado representa uma forte desaceleração em relação ao número de fevereiro, quando o índice teve uma alta de 1,23%, a maior para o mês desde 2016.

No primeiro trimestre do ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 1,99%, acima da taxa de 1,46% registrada no mesmo período de 2024. Já no acumulado em 12 meses, o índice avançou 5,26%, contra os 4,96% registrados até fevereiro.

Ainda no cenário interno, o Tesouro Nacional divulgou nesta quinta que as contas do governo registraram déficit primário de R$ 31,67 bilhões em fevereiro.

O resultado representa melhora na comparação com fevereiro do ano passado, quando foi registrado um rombo de R$ 61,21 bilhões (corrigido pela inflação).

O déficit primário ocorre quando as receitas com tributos e impostos ficam abaixo das despesas do governo. Se as receitas ficam acima as despesas, o resultado é de superávit primário. Os valores não englobam os juros da dívida pública.

Além disso, na quarta, o Banco Central (BC) informou que o rombo nas contas externas do país mais que dobrou no primeiro bimestre de 2025, registrando um déficit de US$ 17,31 bilhões. Isso significa que o país mais enviou dinheiro para fora, principalmente com importações, do que arrecadou.

O BC costuma explicar que o tamanho do rombo das contas externas está relacionado com o crescimento da economia. Quando cresce, o país demanda mais produtos do exterior e realiza mais gastos com serviços também. Por isso, o déficit também sobe. (As informações são da agência Reuters)

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