Janja realoca integrante de sua “equipe informal” com a ministra Gleisi para driblar trocas do secretário de Comunicação

A primeira-dama Janja realocou uma integrante que pertencia à sua “equipe informal” na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) como forma de blindá-la da saída do governo com a entrada de Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social (Secom). Oficialmente, porém, a servidora permanece nomeada na Secom, mas despacha na SRI, sob chefia da nova ministra da pasta, Gleisi Hoffmann, próxima da primeira-dama.

A servidora em questão é Juliana Aporta Gaspar, que costuma viajar com Janja, e exercia a função de coordenadora de Redes Digitais na Secom na gestão de Paulo Pimenta. Atualmente, de acordo com o Portal da Transparência, ela está na função “Diretora de Programa” na Secom.

A SRI disse que “a servidora Juliana está em processo de transferência para integrar a assessoria da Secretaria-Executiva do Conselhão [Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável]”. A Secom também confirmou a informação em relação à mudança de cargo de Juliana e ainda foi perguntada se a servidora queria se posicionar sobre o assunto.

A Secretaria respondeu que esta é a manifestação do órgão: “É normal que a servidora Juliana, assim como qualquer outra pessoa, já participe de reuniões e despachos da nova função que vai exercer. Juliana está se inteirando sobre as novas agendas que irá acompanhar no novo cargo dentro dos temas que ela já vinha tratando.”

Juliana foi designada para integrar a Secom em 30 de janeiro de 2023, cerca de um mês após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), ela foi indicada para exercer o cargo de “Coordenadora-Geral da Coordenação-Geral de Conteúdo do Departamento de Canais Digitais da Secretaria de Comunicação Institucional da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”.

Após uns meses, em dezembro do mesmo ano, Juliana foi designada, “de caráter transitório”, “à constituição da área de trabalho relativa à Comunicação Social, consideradas as necessidades logísticas de organização da presidência do G20 pela República Federativa do Brasil, ficando exonerada do cargo que atualmente ocupa”.

Com o fim da reunião dos líderes do G20 — grupo que reúne as principais economias do mundo —, o governo decidiu prorrogar os cargos transitórios para a organização das cúpulas do Brics e das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Os eventos ocorrerão ainda este ano no País, em julho e novembro, respectivamente. Porém, segundo relatos, ela não integra a equipe desde o fim do G20 – apesar da nomeação – e, atualmente, despacha do Palácio do Planalto.

O anúncio de Sidônio como novo ministro da Secom trouxe uma reconfiguração no quadro da pasta. Ao indicar o publicitário para o cargo, Lula deu uma espécie de “carta branca” para Sidônio fazer as trocas que avaliasse como necessárias. Janja foi refratária às mudanças do novo ministro e fez esforços para realocar aliados no governo. Sidônio, porém, resistia aos pedidos da primeira-dama.

Desde que Sidônio assumiu a Secom, no começo de janeiro, 3 dos 12 integrantes da “equipe informal” de Janja foram exonerados: Brunna Rosa Alfaia, então Chefe da Secretaria de Estratégia e Redes; Priscila Pinto Calaf, então Diretora do Departamento de Canais Digitais da Seres; e Marina Godoy Guimaraes Frota, então Assessora técnica do Departamento de Canais Digitais. Já outras duas pessoas foram designadas para ocupar outras funções dentro do governo: Juliana Aporta Gaspar e Marcele Rodrigues da Silva Borges, então Assessora técnica da Seres.

Por outro lado, conseguiu reconduzir Juliana. Gleisi é próxima da primeira-dama. Em março, durante entrevista, por exemplo, a ministra defendeu que Janja tenha um “cargo honorífico” no governo. Por causa dessa proximidade, a socióloga conseguiu acomodar Juliana na pasta e, assim, preservá-la das mudanças de Sidônio. A servidora, no entanto, ainda não foi nomeada oficialmente ao cargo, mas fontes relatam que, há semanas, já despacha na SRI.

Como revelou o Estadão em dezembro, Juliana fazia parte da equipe de ao menos 12 pessoas que estavam à disposição de Janja. Na época, o “time” da primeira-dama custava cerca de R$ 160 mil mensais em salários por mês e seus integrantes já gastaram R$ 1,2 milhão em viagens, desde o começo do terceiro mandato de Lula.

Além de Juliana, Janja conseguiu também realocar outra pessoa de sua equipe no governo. Anna Maria Menezes, então coordenadora-geral de Canais Digitais da Secom, foi designada para integrar a assessoria especial do gabinete pessoal do presidente. Mesmo nessa função, ela continua atendendo Janja, afirmam interlocutores.

A socióloga teve influência em postos importantes da Secom durante a gestão de Paulo Pimenta. Porém, formalmente, Janja não possui cargo no governo, nem uma equipe própria. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)

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