
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as Forças Armadas vão ignorar o aniversário do golpe militar de 1964, no próximo dia 31 de março. A orientação, segundo apurou o Estadão, é tratar a data como um outro dia qualquer. A decisão tem sido alvo de críticas de aliados de Lula, que consideram o silêncio “constrangedor”, especialmente após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornar réu por tentativa de golpe.
A Ordem do dia alusiva ao 31 de março, feita pelas Forças Armadas, deixou de existir desde os primeiros anos da década de 2010. O ministério da Defesa só retomou a leitura do documento seguindo ordens do então presidente Jair Bolsonaro, em 2019. Como mostrou o Estadão, em 2023, primeiro ano do governo Lula, a decisão de Bolsonaro foi extinta. Essa prática já havia sido interrompida durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Desde o início do atual governo, que foi marcado pelos atos golpistas de 8 de janeiro, Lula optou por evitar qualquer menção à data, dado o momento de ânimos acirrados entre o Planalto e os militares. A decisão é defendida sobretudo pelo ministro da Defesa, José Múcio, que, em meio às acusações sobre o envolvimento das Forças Armadas na tentativa de golpe, se tornou a principal voz em defesa da instituição dentro do governo. Múcio é considerado um dos responsáveis pela distensão entre os comandantes e Lula.
Em entrevista ao Roda Viva no início do ano, Múcio afirmou que o País deve aos militares o fato de não ter sofrido o golpe de 8 de janeiro, declaração criticada por correligionários do presidente Lula, que argumentam uma possível participação das Forças Armadas nos ataques em Brasília. Na ocasião, o titular da Defesa também defendeu penas mais brandas a parte dos envolvidos na invasão.
O silêncio sobre o 31 de março é visto como constrangedor por alguns petistas, que consideram importante o resgate da memória e do que se sucedeu nos anos da ditadura militar. As informações são do portal Estadão.