Moradora de Eldorado do Sul foi dada como desaparecida por estar sem sinal de celular

As autoridades gaúchas divulgaram, na tarde desta quinta-feira (9), a lista com os nomes dos desaparecidos pelas enchentes no RS. A equipe do Porto Alegre 24 Horas publicou uma nota a respeito. Naquela mesma postagem, uma mulher se manifestou para afirmar que seu nome estava na lista, mas na verdade ela não estava desaparecida. Em conversa com a reportagem, ela contou sua história.

Watusi Menezes Felix, 36 anos, é autônoma e moradora de Eldorado do Sul (uma das cidades mais afetadas pelas enchentes). Ela vivia com o marido no bairro Cidade Verde e, no dia 30 de abril, o casal recebeu o alerta de enchente. No dia seguinte, eles juntaram alguns pertences para deixar na casa da sogra de Watusi no bairro Residencial.

“Agendamos um frete para o dia 2 (de maio) para retirar pertences como cama, geladeira e fogão. Só que não deu mais tempo. A água subiu muito rápido na nossa rua. Então retornamos para ficar na casa da minha sogra, pois lá nunca teve enchente”, ela conta.

Trabalhando com revenda de semijoias, Watusi planejava ir até Porto Alegre no dia 3 de maio para deixar encomenda de clientes na casa da mãe. Ela afirma que planejava ficar abrigada no local, pois grande parte das vendas é feita na Capital. Porém, no começo da manhã daquele mesmo dia, foi noticiado que haviam trancado as pontes e ninguém poderia entrar ou sair de Eldorado do Sul. Dessa forma, ela resolveu ficar na casa da sogra.

E foi aí que toda a história de desaparecimento começou.

“Já no começo da manhã ficamos sem sinal de internet e telefone. Não consegui avisar ninguém da nossa situação, nem por ligação. Estávamos entre 10 pessoas na casa, todos clientes da mesma operadora, e todos sem sinal”, ela relembra

Watusi também conta que a enchente chegou até mesmo na rua de sua sogra, que nunca costumava alagar. De acordo com o relato, todos as 10 pessoas abrigadas na casa precisaram ficar no segundo andar, pois a água chegou até a metade do térreo. Em breves momentos era possível passar informações de que todos estavam bem, com comida e água, mas a comunicação era precária e difícil.

Em dado momento, a sogra de Watusi conseguiu entrar em contato com a nora que trabalha na Defesa Civil. E foi assim que todos conseguiram resgate. Na tarde daquela mesma quarta-feira (8), um caminhão do Exército passou pela rua para salvar o pessoal. Todos ficaram na barraca, onde foram servidos com sanduíches e água, enquanto esperavam um segundo veículo que os levariam até as proximidades da Arena do Grêmio.

Watusi só conseguiu falar novamente com sua família após chegar em Porto Alegre. Usando o celular de sua sogra, ela ligou para a irmã e disse que todos estavam bem. Assim, a autônoma ouviu da familiar que supostamente havia passado um barco de resgate nas proximidades e que ela se recusou a sair.

“Isso é mentira. Os barquinhos que passavam na rua eram particulares. Um bote com gente com colete vermelho passou na frente na terça-feira e gritei que queria sair. Ele falou que estavam deixando na BR e perguntei se dali dava para ir a pé para Porto Alegre. Depois disso, ele me deixou falando sozinha”, conta.

Até o momento, a autônoma não tem a menor ideia de quem deu seu nome como desaparecida para a Defesa Civil, mas acredita que tenha sido algum amigo ou familiar. O nome de seu marido também apareceu em algumas listas que circulavam nas redes sociais, mas não na oficial.

Além disso, os enganos a respeito do seu paradeiro não pararam. Ela também conta que, na manhã desta sexta-feira (10), recebeu uma mensagem dizendo que ela supostamente estaria no telhado de sua casa pedindo socorro. Atualmente, ela está abrigada na casa da irmã, em Porto Alegre. O único que não regressou foi seu marido, que ficou na casa para que saqueadores não a invadam. Contudo, ambos conseguem manter um mínimo de contato devido a melhoria no sinal de telefone e internet.

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