É falso que o Ibama tenha impedido moradores de abrirem estrada no Rio Grande do Sul

Circula nas redes sociais um áudio afirmando que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) teria impedido moradores de cidades gaúchas de alargarem estradas para permitir transporte de alimentos para pessoas vítimas das enchentes que atingem o estado.

O material é falso. Em um perfil do Twitter há dois áudios sobre o tema e tinha mais de 150 mil visualizações até a noite de sexta-feira (10). Em um deles, um homem afirma que “ontem, desceram máquinas, retroescavadeiras pra abrir mais a estrada, porque estava tendo deslizamento, pra haver um fluxo maior dos veículos, para os voluntários e caminhões descerem pra poder levar mantimentos e o Ibama, o Ibama mandou parar tudo.”

Ainda um segundo o áudio, que não identifica o autor da fala nem a data é dito: “o Ibama agora mandou parar, cessar todo e qualquer alargamento da pista pra que haja fluidez no trânsito, pra salvar vidas, entre Vespasiano e Muçum, uma descida que precisa pra chegar ao vale. As pessoas vão morrer porque o Ibama não quer que abra estrada pra poder ter acesso e salvar essas pessoas, levar alimento a essas pessoas.”

Tanto o Ibama quanto o prefeito de Vespasiano Corrêa, uma das cidades mencionadas no áudio, negam que o fato tenha ocorrido. Em nota divulgada pela Secretaria de Comunicação da Presidência, “o órgão não está atuando nas estradas.” “Não é competência do Ibama impedir a circulação de veículos, ainda mais num momento de tanta gravidade para o estado”, disse a superintendente do órgão no Rio Grande do Sul, Diana Maria Sartori, em vídeo divulgado sobre o tema

Vespasiano

O prefeito de Vespasiano Corrêa (uma das cidades citadas), Thiago Manoel Michelon, negou que o Ibama tenha ido à cidade e disse que o autor do áudio confundiu o órgão federal com a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Segundo Michelon, chegou-se a planejar uma ação na rodovia RS-129, que cedeu em decorrência das enchentes, mas a ação foi impedida pela EGR por questões de segurança.

“O que foi impedido foi lá na RS-129, onde a estrada cedeu, rachou e a estrada caiu. (…) Por ali tentamos abrir um desvio, o qual foi impedido pela EGR, porque os técnicos nos comprovaram, e eles têm razão sobre isso, que estava inseguro e um futuro deslizamento ia acabar podendo pôr em risco vidas”, disse Michelon.

O prefeito disse que a EGR está atuando em parceria com os municípios para “pavimentar de forma emergencial” uma segunda opção mais segura que possa servir de caminho entre as cidades até que o trecho atingido pelas enchentes seja reconstruído.

Confira nota da EGR:

“Em reunião realizada com prefeitos da região do Vale do Taquari, em Muçum, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) propôs a pavimentação de três quilômetros da estrada vicinal que liga Muçum a Vespasiano Corrêa, paralela à rodovia, para melhor atender o trânsito de veículos emergenciais e a população que se desloca pela rodovia entre esses municípios.

Os prefeitos dos municípios locais viram a possibilidade de a EGR construir um desvio por um caminho de serviço – utilizado pela empresa contratada quando da realização de serviços no local onde houve o deslizamento e desabamento da pista. Porém, após avaliação técnica, essa possibilidade foi descartada, pois apresentava riscos para a segurança dos usuários e a trafegabilidade na via.

A pavimentação dos três quilômetros terá início na localidade de Cidade Alta, em Muçum, e trará melhorias no segmento mais acidentado da estrada vicinal. A EGR assumirá a responsabilidade pela execução imediata da obra, com previsão de conclusão em 15 dias, considerando as condições climáticas favoráveis.

A EGR reafirma sua disposição para encontrar alternativas em função do deslizamento e consequente desabamento total da pista localizada no quilômetro 88 da ERS-129, em Muçum, priorizando não apenas a trafegabilidade, mas, acima de tudo, a segurança dos usuários da via”.

Comando

Mesmo com a sede da Superintendência, no bairro Cidade Baixa, e o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), no bairro Menino Deus, com seus prédios tomados pela água, o Ibama, num esforço de ajuda humanitária, montou um Comando de Incidentes e mantém várias equipes de servidores trabalhando ao lado da Defesa Civil, Exército, Prefeitura e outras instituições para ajudar no que for possível.

 

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