Temporais no RS: nível do Guaíba supera a da cheia histórica de 1941 duas vezes em 10 dias


Nível do lago chegou a 4,57 metros no final de semana, mas ultrapassou a marca de 83 anos atrás, de 4,76 metros, nesta segunda-feira (13). Régua registra 4,89 metros e a tendência é que ultrapasse os 5 metros. Imagem aérea mostra cidade de Porto Alegre alagada
Duda FORTES / AGENCIA RBS / AFP
Em 10 dias, o nível do Guaíba, em Porto Alegre, ultrapassou duas vezes a marca histórica de 1941, até então o ano em que houve a pior cheia registrada pela Capital. Entenda, abaixo, o motivo das cheias.
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A primeira vez foi em 3 de maio, quando atingiu 4,77 metros, um centímetro a mais do que a marca até então recorde de 83 anos atrás. A água subiu mais e chegou até 5,33 metros dois dias depois, o nível que é, agora, o mais alto da história de Porto Alegre.
Com cota de inundação de 3 metros, o lago transbordou e a água avançou sobre a cidade, inundando as regiões Norte, Sul e Central da Capital. O aeroporto Salgado Filho e a estação rodoviária, por exemplo, foram inundados, além de mais de 4 mil imóveis, obrigando milhares de pessoas a sair de casa.
Depois, o nível começou a descer e, no sábado (11), baixou até 4,57 metros, o menor nível desde a cheia. No entanto, o retorno da chuva fez com que o Guaíba voltasse a subir. Às 7h desta segunda-feira (13), a régua da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) registrava 4,77 metros. Às 10h15, a medição mais recente, registrou 4,89 metros – e a tendência é que suba mais.
Conforme o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), a perspectiva para esta semana aponta para uma cheia duradoura do Guaíba, e repique com nova elevação dos níveis para acima dos 5 metros – podendo chegar a 5,5 metros.
Ainda conforme o IPH, a tendência é que o lago leve ao menos 30 dias para voltar ao nível abaixo da cota de inundação.
Imagem de drone mostra avião em meio a alagamento no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, no dia 7 de maio de 2024
Wesley Santos/Reuters
Motivo das cheias
O motivo das cheias foram as chuvas que não deram trégua ao longo de dias sobre todo o Rio Grande do Sul. Bacias hidrográficas formam um “funil” e a água em grande quantidade que escoa das bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Gravataí e Sinos, que também atingiram níveis recorde, deságuam no Guaíba, sobrecarregando o lago.
Além disso, ventos que sopram no sentido sul do litoral para o continente, empurram a água da Lagoa dos Patos, na Região Sul do estado, no sentido contrário, o que contribui com as inundações no Guaíba.
Infográfico mostra geografia de Porto Alegre
Arte/g1
Tragédia no RS
Com duas mortes confirmadas nesta segunda-feira, o Rio Grande do Sul chegou a 147 vítimas dos temporais e cheias que atingem o estado desde o final de abril. O boletim da Defesa Civil ainda contabiliza 127 desaparecidos e 806 feridos.
O número de pessoas fora de casa subiu para mais de 619 mil. Quase 81 mil estão em abrigos e 538 mil estão desalojados (em casa de amigos e parentes).
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