Casa de trabalhadores resgatados na fazenda de Leonardo era precária e insalubre

O cantor sertanejo Leonardo figura na chamada “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que identifica empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão. A inclusão de seu nome se deve a uma fiscalização realizada em novembro de 2023 nas fazendas Talismã e Lakanka, localizadas em Jussara, Goiás, onde seis trabalhadores foram encontrados em condições extremamente degradantes.

De acordo com o relatório da fiscalização, os trabalhadores estavam alojados em uma casa abandonada, sem acesso a água potável ou banheiro. Para dormir, improvisavam camas com tábuas de madeira e galões de agrotóxicos. O ambiente estava infestado por insetos e morcegos, e exalava um “odor forte e fétido”.

Depoimentos revelam condições inaceitáveis

Os trabalhadores foram resgatados na fazenda Lakanka, vizinha à Talismã. Em um dos depoimentos, um adolescente de 17 anos descreveu o local como “extremamente sujo”, sem chuveiro ou pia e repleto de fezes de morcego. Outro trabalhador relatou que formigas e cupins andavam sobre seus corpos enquanto tentavam dormir, e um terceiro informou ter adoecido após a chuva molhar sua cama devido à falta de manutenção no telhado.

Além dos seis trabalhadores resgatados, o relatório indicou que outras 12 pessoas estavam atuando sem registro em carteira. Esses trabalhadores não tinham acesso a equipamentos de proteção e alguns estavam há 12 dias sem descanso, com um deles afirmando que trabalhava “de domingo a domingo”.

O gerente da fazenda relatou que Leonardo não frequentava os alojamentos dos trabalhadores, mas que seu irmão, Robson Alessandro Costa, administrava a situação. O cantor foi listado com seu nome de registro, Emival Eterno da Costa, entre os 176 novos nomes divulgados na atualização da lista.

Detalhes da lista suja

A “lista suja” do MTE inclui atualmente 727 empregadores. Dentre eles, 22 estão associados à produção de carvão vegetal, 17 à criação de gado, 14 à extração de minerais, 11 ao cultivo de café e à construção civil, entre outros setores. A lista é revisada a cada seis meses e a inclusão ocorre somente após a conclusão de processos administrativos relacionados a práticas de trabalho análogo à escravidão.

Resposta do cantor

Leonardo expressou sua surpresa e tristeza pela inclusão de seu nome na lista. Em um pronunciamento nas redes sociais, explicou que a fiscalização ocorreu em uma “fazenda arrendada”. Ele ressaltou não ter conhecimento sobre os trabalhadores da propriedade e afirmou que a responsabilidade pela situação era de um terceiro, que arrendou a terra para plantio.

“Eu arrendei uma fazenda para que o arrendatário plantasse o que quisesse”, disse o cantor, que também revelou ter recebido e pago uma multa relacionada ao caso, que está arquivado. O advogado de Leonardo, Paulo Vaz, reiterou que as indenizações devidas aos trabalhadores foram pagas e que as questões legais foram resolvidas.

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