Forma grave de TPM afeta 2% a 8% das mulheres

Corpo mais inchado, uma fadiga ou até alterações de humor. Todos os meses, de 7 a 10 dias antes da menstruação, 80% das mulheres sofrem com a síndrome pré-menstrual, popularmente conhecida como TPM. Mas para cerca de 2% a 8% das mulheres no mundo, os sintomas são mais graves e a dor chega a ser incapacitante.

Essas mulheres sofrem de transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), um tipo de síndrome pré-menstrual mais intensa, classificado como transtorno psiquiátrico no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

“Nós mulheres sabemos que, em linhas gerais, a TPM gera um desconforto, mas não é algo que chegue a prejudicar, de forma tão intensa, as atividades corriqueiras e a vida como um todo. No caso do TDPM, a mulher tem os sintomas intensos, debilitantes, com impactos emocionais e físicos, percebidos, por exemplo, através de uma irritabilidade acentuada, conflitos nas relações interpessoais, ansiedade e até casos extremos de agressividade “, explica Suzana Lyra (CRP03/9748), neuropsicóloga, Diretora e Responsável Técnica do Instituto Baiano de Neurodesenvolvimento Suzana Lyra (IBN).

As causas do TDPM ainda não estão bem definidas, mas especialistas acreditam que esteja relacionada a fatores genéticos e uma variação hormonal, principalmente dos níveis de estrogênio e progesterona.

“São casos em que a mulher precisa ser afastada de suas atividades profissionais, tamanho é o abalo físico, comprometendo a atenção, a memória e a concentração, e principalmente emocional, tanto que o transtorno disfórico pré-menstrual pode ser confundido com depressão ou transtorno de ansiedade e, em casos mais graves, pode provocar pensamentos suicidas”, acrescentou.

Apesar de não existir nenhum tipo de exame para identificar o transtorno, o diagnóstico é possível através do monitoramento dos sintomas por pelo menos dois ciclos menstruais, onde, segundo a Associação Internacional para Distúrbios Pré-Menstruais, deve ser detectado pelo menos cinco dos sintomas, sendo que um deles precisa ser: mudanças emocionais, a exemplo de alterações de humor ou aumento da sensibilidade à rejeição; irritabilidade ou raiva incontroláveis; depressão severa, sentimentos de desesperança, sentimento de inutilidade ou culpa; ou ansiedade e tensão extrema.

Os outros sintomas são diminuição do interesse em atividades habituais; Dificuldade de concentração, foco ou pensamento; confusão mental; cansaço ou falta de energia; alterações no apetite, desejos por comida, alimentação excessiva ou compulsão alimentar; sonolência excessiva ou insônia; sensação de sobrecarga; e sintomas físicos como sensibilidade nos seios, dor nas articulações ou músculos, inchaço ou ganho de peso.

“Primeiro, temos uma barreira social a ser vencida que é tabu. Por vezes, a própria mulher se inibe quando vai falar sobre menstruação, por falta de acolhimento. Alguns profissionais de saúde desconhecem o transtorno, menosprezam as queixas e dessa forma não oferecem o tratamento adequado. Além disso, os sintomas são parecidos e podem ser confundidos com outros transtornos, a exemplo da depressão. A consequência disso tudo, são mulheres vivendo em intenso sofrimento por dias e dias, todos os meses”, ressaltou.

Quanto a tratamento, é feito de forma multidisciplinar, com protocolos farmacológicos e não farmacológicos, a exemplo de atividade física, alimentação balanceada, antidepressivos, anticoncepcionais, tratamentos para interromper a menstruação e terapia.

“É importante que a mulher se conheça cada vez mais. Se, nos dias que antecedem a menstruação, seu comportamento muda drasticamente, por exemplo com brigas conjugais, desentendimento no trabalho, vontade excessiva de chorar, momento de explosividade ou uma raiva sem explicação, investigue! Procure imediatamente um profissional capacitado. Sentir dor não é normal!”, concluiu.

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