Agentes da Polícia Rodoviária Federal só prestaram socorro a baleada no Rio após intervenção de policial militar, diz mãe da jovem

Baleada na cabeça na véspera de Natal, quando se dirigia para uma ceia em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Juliana Rangel, de 26 anos, demorou a ser socorrida pelos policiais, de acordo com a mãe da jovem. Ela conta que os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) só ensaiaram algum socorro após a intervenção de um policial militar. Foi ele quem constatou que Juliana ainda estava respirando.

“Quando paramos, eles viram que fizeram besteira. Aí, do nada, uma patrulha da PM apareceu, perguntou o que estava acontecendo, e um policial pediu para checar a minha filha. Ele falou para mim que ela ainda estava respirando. Os agentes da PRF não fizeram nada, não tentaram socorrer, ficaram perdidos andando de um lado para o outro. Depois disso, eles botaram a Juliana no carro e a levaram para o hospital”, lembra ela.

“Vi a minha filha com a cabeça coberta de sangue. Eu me desesperei na hora, só sabia gritar. Fui para cima dele (agente da PRF) e falei: ‘Você matou a minha filha, seu desgraçado’. Ele deitou no chão, começou a se bater, pulando, mostrando que fez besteira”, disse.

Pouco antes das 21h do dia 24, na Rodovia Washington Luís (BR-040), na altura de Duque de Caxias (RJ), o carro com cinco pessoas foi alvo de tiros disparados por agentes da PRF que o perseguiam. Ao volante, Alexandre da Silva Rangel, de 53 anos, foi atingido na mão esquerda. A seu lado, no carona, estava sua mulher, Deyse Rangel, de 49. No banco de trás viajavam dois filhos do casal, a agente de saúde Juliana Leite Rangel, de 26 anos, e seu irmão mais novo, de 17, além da namorada dele e de um cachorrinho.

Dos 30 tiros que a família diz terem sido desferidos contra o carro, um atingiu a cabeça de Juliana: ela está internada, em “estado gravíssimo”, segundo nota da prefeitura de Duque de Caxias, no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes.

No hospital, a médica intensivista Juliana Paitach confirmou que a situação da vítima é gravíssima, porém estável. Juliana já passou por cirurgia e segue no pós-operatório. Desde que foi atendida, não teve piora do quadro.

“Ela está sedada, em coma induzido, para que possa receber toda a medicação, ficar num padrão estável e o cérebro ter tempo de reduzir o edema. Ela passou pela cirurgia logo que chegou e o projétil foi retirado. Está seguindo agora no pós-operatório, esperando uma estabilidade melhor para repetir alguns exames. É uma paciente jovem, atendida com rapidez, que tem tudo para evoluir, mas não temos como saber como ela vai ficar”, afirmou.

Os policiais rodoviários prestaram depoimento na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu. Mais de 12 horas após o episódio, a PRF emitiu nota informando que a Corregedoria-Geral da corporação determinou a abertura de um procedimento interno. O documento também diz que os agentes envolvidos foram afastados “preventivamente de todas as atividades operacionais” e que a “PRF lamenta profundamente o episódio”. A PF determinou “a apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”.

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