Plantas Alimentícias Não Convencionais são tema de curso em Santa Cruz do Sul

A Cooperativa Origem Camponesa, localizada em Santa Cruz do Sul (RS), vinculada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o grupo Flore e Ser Agroecológico e o Projeto PancPop, vinculado à Universidade Federal de Rio Grande/Campus São Lourenço do Sul, realizam neste final de semana – dias 18 e 19 – o curso “Introdução às PANC: Identificação e Preparo”. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) são vegetais que muitas vezes nascem esponteneamente e não têm cadeia produtiva, mas são opção culinária e possuem alto teor de nutrientes.

Agroecóloga que atua tanto no Flor e Ser quanto na cooperativa e no movimento, Roziele Lüdke comenta que “as PANCs há muito tempo tem sido alvo de estudo do coletivo de gênero do MPA, que busca romper com a padronização alimentar que o capitalismo impõe e muitas vezes faz com que os povos abdiquem e acabem perdendo de heranças milenares de saberes tradicionais, sendo a utilização dessas plantas tanto para a nutrição quanto para a saúde um exemplo dessa relação”.

Rosiele destaca que durante o período das enchentes em 2024, houve a perda de praticamente toda a produção de alimentos baseados em plantas domesticas e melhoradas. Restaram as PANCs, que foram capazes de resistir às enxurradas. “Isso nos levou a ampliar os esforços de divulgação destas plantas e fortalecer a oferta nas feiras como meio de sustento para os camponeses e camponesas produtores e de garantia de nutrição ao povo que busca alimentos saudáveis.”

Nomes como caramoela, inhame, tamarino, ora-pró-nobis, araruta são lembrados como exemplos, mas há centenas de outras opções que estão muitas vezes a volta das casas, disputando espaço nos plantios convencionais, nos arredores das matas e até nos brejos. PLantas que podem ser redescobertas e apropriadas como itens de alimentação que não apenas agreguem os aspectos nutricionais mas têm inclusive muito a acrescentar em termos de diversidade de utilização e de composição de sabores. Formas de identificar e utilizar essas plantas na alimentação serão apresentadas no curso.

Sensibilização, formação e intervenção

A professora Jaqueline Durigon, coordenadora do PancPop, garante que “será um evento especial”, onde será ensinado a identificar espécies de PANCs espontâneas. “E juntos, prepararemos receitas deliciosas com elas”. Ela explica que o projeto se baseia em três eixos: sensibilização, formação e intervenção. A atividade está inserida no eixo de formação, com centralidade nas pessoas interessadas em incluir as PANCs na sua vida, na sua alimentação, na sua produção e também na comercialização.

O professor Carlos Alberto Seifert Junior, o Jajá, comenta que o curso não é uma formação onde a instância acadêmica monopoliza o processo de ensino, mas, ao contrário, a construção de conhecimento se dá de forma coletiva. “Além dos professores, técnicos e alunos da graduação e da pós-graduação, o grupo que vai de São Lourenço do Sul para Santa Cruz do Sul terá a participação também de agricultores e agricultoras que já participam do PancPop e vão ser protagonistas, conduzir falas e oficinas.”

As atividades serão realizadas no espaço do Centro de Formação São Francisco de Assis, na sede da Cooperativa Origem Camponesa, em Santa Cruz do Sul. O número de vagas será limitado e a prioridade de vagas será para agricultoras e agricultores. As inscrições devem ser feitas através do link: https://forms.gle/qpYnoUoEnTw5HXi58 .

O curso tem o apoio do MPA, Fiocruz/Ministério da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Laboratório Interdisciplinar MARéSS.


 
 

 

 

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