O poder da desinformação: brasileiros contam por que passaram a evitar o uso do Pix

A entrada em vigor de uma norma para ampliar o monitoramento da movimentação de grandes quantias pela Receita Federal foi devorada por uma onda de notícias falsas difundidas nas redes sociais que deixaram na cabeça dos brasileiros dúvidas sobre um dos mais populares instrumentos financeiros do País atualmente: o Pix.

Entre as principais fake news difundidas está a de que a medida significaria uma cobrança de imposto sobre as transações do sistema de transferências instantâneas do Banco Central (BC) ou que haveria violação do sigilo bancário para ampliar o alcance da malha fina do Imposto de Renda de pessoas de baixa renda ou informais.

A desinformação foi tão grande que nem mesmo o esforço do governo para esclarecer os cidadãos por meio da imprensa e afastar os boatos surgiu efeito. Ao contrário, houve uma queda brusca no uso do Pix, que vinha batendo recordes sucessivos. O Planalto jogou a toalha e resolveu suspender a norma da Receita Federal que deu origem ao imbróglio.

Além das fake news, golpistas aproveitaram o momento para tentar tirar dinheiro de quem usa o Pix. O governo federal já anunciou que pretende acionar a Justiça contra o que chamou de criminosos. O número de transações do Pix registrou, nos primeiros dias de janeiro, a maior queda desde o seu lançamento em novembro de 2020.

A aposentada Marília Valinho, de 70 anos, trocou de banco e resolveu que não iria habilitar a chave Pix. Antes de saber da revogação, ela disse que a norma da Receita poderia abalar o sucesso do meio de pagamento.

“Não vou entrar nessa de fazer Pix, não. Para mim, não ficou claro pelo sentido de ser algo invasivo. A gente tem que expor tanto a nossa vida, tem até valor estipulado para usar”, disse.

O vendedor de amendoim Luciano Custódio, de 48 anos, percebeu nos últimos dias que a clientela estava evitando pagar com Pix e disse achar que as pessoas ficaram com receio de usar o sistema de pagamento.

“Todo mundo ficou com medo de fazer Pix. Os clientes estão preferindo pagar em dinheiro. Antes, chegava a fazer R$ 800 por dia só em transações via Pix, agora estou fazendo R$ 150”, reclamou.

A gerente Viviane dos Santos, de 41 anos, percebeu que os clientes tinham dúvida nos últimos dias se deveriam pagar com Pix. Na loja, até o modo de usar o sistema mudou: após o anúncio da norma da Receita, a ordem foi só aceitar pagamento via Pix pela maquininha de cartão.

Já a faxineira Maria Margarida da Silva, de 49 anos, fazia compras em uma loja da Saara, polo de comércio popular no Centro do Rio. E disse que aquela seria uma de suas últimas compras via Pix.

“A gente está sendo vigiado, especialmente nosso dinheiro. Eu vou ter que mudar a forma como pago as coisas. Não sei se vou depositar dinheiro nesse cartão para usar como Pix”, contou. As informações são do portal de notícias O Globo.

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.