O que o PSDB tem a ganhar (ou a perder) com uma eventual fusão? Entenda

Se 1988 marca a fundação do PSDB, 2025 pode se tornar o ano de extinção de uma das siglas mais tradicionais da política brasileira. Após amargarem seu pior resultado da história nas eleições de 2024, os tucanos agora estão em uma corrida desengonçada em busca de uma tábua de salvação.

Uma ala do partido – a mais pragmática – vê como saída uma fusão, como aconteceu com o PSL e o DEM, ou uma incorporação, caso do PSC, que agora faz parte do Podemos. Os tucanos mais apaixonados, contudo, rechaçam essa ideia, reforçando que a história do PSDB deve ser respeitada.

O ex-vereador paulistano Mario Covas Neto, que carrega um dos sobrenomes mais tradicionais do partido, é um dos que defendem a manutenção da identidade e da história da sigla, que surgiu a partir de uma cisão do MDB. “O interesse é menos eleitoral e mais partidário”, disse ele. “Sabemos das dificuldades do PSDB, mas entendemos que a história do partido não deve morrer.”.

Apesar de ter uma história que se mistura com a própria redemocratização do Brasil, a verdade é que o partido não tem empolgado os eleitores e perdeu nas urnas, em 2022, o controle histórico que mantinha sobre São Paulo. Naquele ano, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, e Fernando Haddad, do PT, avançaram para o segundo turno e deixaram Rodrigo Garcia, com seus tímidos 18,40% dos votos válidos, para trás.

Além disso, a sigla não emplacou nenhum senador e teve de assistir à sua pequena bancada de 22 deputados federais ser reduzida a 13. O cenário em 2022 era ruim, mas a crise no PSDB teve seu auge em 2024, quando o partido registrou seu pior resultado da história, sem eleger prefeitos em nenhuma capital.

A esperança do partido em São Paulo, o apresentador José Luiz Datena, perdeu fôlego e ficou em quinto lugar, com 1,8% dos votos válidos. A sigla nunca havia saído de uma disputa em capitais sem um candidato eleito.

Covas Neto vê duas saídas para evitar o fim do PSDB: incorporar, vendendo a ideia de que o PSDB tem uma história mais forte que outras siglas e que elas teriam mais a ganhar fazendo parte da legenda, ou então se aliar via federação com vários partidos, fazendo com que cada um mantenha sua identidade.

“O caminho não é fácil, não estou dizendo que a direção nacional não está se esforçando, mas percebemos que muitos da direção nacional serão candidatos em 2026. Por isso, o olhar deles não é o mesmo de quem não será candidato”, afirmou.

Manifesto

Em janeiro, um grupo de filiados do PSDB divulgou um manifesto contra a proposta de fusão ou incorporação, lembrando a importância histórica do partido e sustentando que uma eventual fusão representaria o “suicídio” de seus ideais.

Os três governadores da sigla, Raquel Lyra (PE), Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS), nos bastidores, também pressionaram por uma solução – e ameaçam, inclusive, deixar o ninho tucano.

A pressão dos filiados deu certo, pelo menos por enquanto. No fim de janeiro, o presidente nacional do PSDB, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, afirmou que a direção conversava com vários partidos. Posteriormente, ele recuou e disse que a sigla continuará a existir, mas a busca por soluções para a falta de empolgação do eleitorado com os tucanos não terminou.

“Sabemos das dificuldades impostas pela legislação. A partir da eleição de 2026, a chamada cláusula de desempenho ficará mais rígida e precisamos encontrar soluções para superar esse obstáculo”, disse. Para o próximo pleito, a lei estabelece que os partidos precisarão eleger 13 deputados federais ou ter 2,5% dos votos válidos para a Câmara e 1,5% em pelo menos nove estados para ter acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda em rádio e televisão.

Além de chapas mais fortes, Perillo não descarta outras soluções. “Pode fazer parte também dessa estratégia a aliança com outros partidos do centro democrático, seja em formato de federação, como a que temos com o Cidadania, seja com a convergência de outras legendas ao PSDB. Queremos o melhor para o Brasil. Apresentaremos ao País em 2026 uma alternativa democrática, programática, forte e popular.”

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