Procuradoria-geral da República aponta dobradinha de Bolsonaro e “Abin paralela” em prol do golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) promoveram ataques coordenados às urnas eletrônicas e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a denúncia do inquérito do golpe. O procurador-geral da República Paulo Gonet afirma no documento que houve uma atuação conjunta de Bolsonaro e da “Abin Paralela” e que essa cooperação era parte do plano golpista.

“Especificamente em relação ao sistema eletrônico de votação e aos ministros do Supremo Tribunal Federal/Tribunal Superior Eleitoral, as ações da célula de contrainteligência intensificaram-se a partir da radicalização dos discursos públicos de Jair Bolsonaro, em meados de 2021, caracterizando o início coordenado da execução do plano maior de ruptura com a ordem democrática”, diz um trecho da denúncia.

O procurador-geral destaca que havia uma “consonância” entre os ataques de Bolsonaro e os alvos escolhidos pela Abin Paralela, o que segundo Gonet confirma a “ação coesa da organização criminosa”.

“As ações ilícitas realizadas pela denominada ‘Abin Paralela’, de forma indubitável, consistem em atos executórios relevantes do plano de crimes contra as instituições democráticas, por potencializarem a animosidade social contra as instituições, enfraquecendo-as e restringindo-lhes o exercício”, afirma o procurador-geral.

A denúncia aponta que relatórios de contrainteligência produzidos pelos aliados de Bolsonaro eram repassados a perfis falsos ou “cooptados” para espalhar fake news. “Os verdadeiros beneficiários políticos da desinformação eram, assim, distanciados dos ilícitos.”

Início da operação

A instrumentalização do aparato de inteligência para fins políticos começou logo no início do governo do ex-presidente, em 2019, segundo a denúncia. Os sistemas foram usados não apenas para espalhar fake news como também para monitorar autoridades “alvos de ações programadas com mais violência”.

O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na época, tinha “tinha pleno domínio sobre as ações clandestinas realizadas pela célula”, afirma Gonet. A Abin faz parte da estrutura administrativa do GSI.

Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro rebateu a denúncia da PGR chamando-a de “inepta”, “precária” e “incoerente”. Os advogados do ex-presidente também alegam que a denúncia é baseada em um acordo de colaboração “fantasioso” de Cid.

O posicionamento de Bolsonaro também afirma que, “a despeito dos quase dois anos de investigações, (…) nenhum elemento que conectasse minimamente o (ex-) presidente à narrativa construída na denúncia foi encontrado”.

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