Lula faz sua primeira visita a uma área do MST no seu terceiro mandato

Ao visitar pela primeira vez em seu terceiro mandato um acampamento do Movimento dos Sem Terra (MST), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na sexta-feira que não há motivo para o Estado ter terras. Essas áreas, afirmou ele, precisam “estar na mão do povo para que ele possa produzir”. O petista discursou em assentamento do movimento em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais.

A relação entre o atual governo do petista e o MST, seu aliado histórico, vem sendo marcada por desgastes. Em janeiro, durante a reunião de sua coordenação nacional, o movimento publicou uma carta aberta criticando o que chamou de “estagnação da reforma agrária no Brasil”. Dias depois, Lula recebeu representantes do movimento para uma reunião no Palácio do Planalto. Na saída, os militantes classificaram como “ridículo” o ritmo da reforma agrária.

Por outro lado, o MST gerou incômodo para o Planalto na atual gestão ao promover invasões de áreas produtivas e de pesquisa da Embrapa.

A agenda de sexta-feira reforçou a impressão de que Lula está disposto a restabelecer conexão com sua base mais fiel após pesquisas indicarem forte queda de sua popularidade e ampliação da rejeição.

No seu discurso, o presidente disse ser claro que tem “um lado”. “A companheira Esther (Dweck, ministra da Gestão) sabe que ela precisa disponibilizar todas as terras públicas, porque não tem porquê o Estado ter terra pública. Quem é o Estado? É o povo. E a terra tem que estar na mão do povo para que ele possa produzir”, afirmou.

Segundo o petista, o governo precisa cumprir as promessas que fez. Lula disse também que o processo de inventariar as terras que podem ser destinadas à reforma agrária demorou dois anos. “As propriedades que detém até 100 hectares representam praticamente 70%, 80% de todo o alimento que nós consumimos no Brasil. De leite, de carne de boi, de carne de porco e tudo. E são um porcentual muito pequeno. Isso representa 14,5% da terra”, observou.

Em Campo do Meio, Lula participou da entrega de 12.297 lotes para famílias acampadas em 138 assentamentos rurais. No total, são 385 mil hectares espalhados em 24 estados. Durante a cerimônia, o presidente assinou sete decretos de interesse social para fins de reforma agrária, somando 13.307 hectares e R$ 189 milhões em investimentos.

“Quem tem causa, coragem, quem tem caráter e dignidade não foge, enfrenta. E vocês enfrentaram e hoje estão colhendo aquilo que tanto lutaram. Vocês estão orgulhosamente com todos os direitos garantidos para fazer aquilo que é o sonho de vocês. O que fizemos hoje é o início do pagamento de uma dívida de 525 anos que esse país tem com o povo brasileiro. O que queremos é dar oportunidade para todo mundo”, afirmou o presidente. (Estadão Conteúdo e Palácio do Planalto)

 

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