Em uma só jogada, Lula busca melhorar a própria avaliação e resgatar capital político para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT apostam na aprovação do projeto do novo Imposto de Renda (IR) como tábua de salvação para resgatar a popularidade da gestão. Nos bastidores, o cálculo principal não envolve as contas públicas, mas o impacto eleitoral da medida.

Uma das principais leituras é que,  em uma só jogada, Lula busca melhorar a própria avaliação e resgatar capital político para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Embora fraco se a discussão for sobre o controle fiscal, Haddad ainda é o nome mais forte do PT para o pós-Lula. Mas a recente crise do Pix e a fama de “Taxad” macularam sua imagem frente ao eleitorado. Avaliações da legenda mostram que esses temas repercutem mal, principalmente na população de classe média, onde a sigla precisa avançar.

A ideia do governo é dizer que Lula e Haddad dão alívio nos impostos. Com uma aprovação rápida no Congresso, a nova tabela corrigida vai coincidir com o calendário eleitoral. A declaração do IR em março de 2026 deve alegrar 10 milhões de brasileiros que ficarão isentos.

Projeto

Se o texto for aprovado pelo Congresso neste ano, a partir de 2026, quem ganhar até R$ 5 mil por mês não precisará mais pagar Imposto de Renda. Hoje, a faixa de isenção é até R$ 2.259,20. Além disso, para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, haverá um desconto parcial.

Serão 10 milhões de brasileiros beneficiados pela nova isenção do Imposto de Renda. Somando esse público aos 10 milhões já beneficiados pelas mudanças de 2023 e 2024, são 20 milhões de pessoas que deixam de pagar Imposto de Renda desde o início da atual gestão do Governo Federal, em 2023.

Com isso, 90% dos brasileiros que pagam IR (mais de 90 milhões de pessoas) estarão na faixa da isenção total ou parcial, e 65% dos que declaram do Imposto de Renda de Pessoa Física (26 milhões de pessoas) serão totalmente isentos.

Apenas 141,4 mil contribuintes (0,13% do total) passarão a contribuir pelo patamar mínimo. Isso representa 0,06% da população total do País. Esse grupo é composto por pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano e que não contribuem atualmente com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto de Renda.

A ampliação da faixa de isenção resulta em uma redução da arrecadação de receita pela União da ordem de R$ 27 bilhões. A tributação mínima das altas rendas possibilitará ampliação de receita de R$ 25,22 bilhões, além de R$ 8,9 bilhões em virtude da tributação de 10% na remessa de dividendos ao exterior (apenas para domiciliados no exterior). (Estadão Conteúdo)

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