Ministro de portos e aeroportos diz que Lula não abriu diálogo para reforma ministerial e critica projeto de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro defendido por Tarcísio, seu correligionário

Único representante do Republicanos no primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, diz que não há, no seu partido, uma agenda para a sigla ser agraciada com uma nova pasta. Em meio aos sinais trocados do presidente, o auxiliar afirma que inexiste diálogo entre Lula e legendas do Centrão sobre uma reforma na Esplanada. Correligionário do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Costa Filho avalia ser um erro o colega apoiar a anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro.

O Republicanos tem hoje apenas um ministério no governo. Há espaço para o partido ter mais pastas?

Essa não é a agenda do partido. O presidente (da Câmara) Hugo Mota tem dialogado com o presidente Lula. O Republicanos, neste momento, quer ajudar o governo, quer ajudar o país na pauta econômica. A discussão sobre ter mais ministérios não está colocada dentro do partido. Vejo que o presidente também não colocou essa discussão sobre a reforma ministerial em pauta com os demais partidos que compõem o centro.

O presidente Lula ainda não procurou os partidos de centro para falar sobre a reforma?

É isso. O presidente é quem decide. É ele quem tira e nomeia ministro. Observo que até agora não houve nenhum movimento dele de abrir o diálogo com os partidos. O presidente Lula agora quer de fato avançar na agenda Brasil, andar o país e fazer as entregas. Há muita coisa boa para entregar.

O senhor avalia então que a reforma ministerial acabou?

Não. Isso cabe ao presidente.

O presidente do seu partido, Marcos Pereira, disse em entrevista que o governo está sem rumo. O senhor concorda?

Foi uma fala dentro de um contexto. O presidente Marcos Pereira, que é um democrata, alguém que tem espírito público, tem ajudado o país, tem ajudado o governo.

Com Gleisi na articulação política, Lula fez um movimento à esquerda?

Eu discordo. Lula convidou Gleisi por ter confiança. Aquele é um cargo de confiança. Todos os ministros de infraestrutura do governo são ministros do centro, que têm um viés, dialogam com o setor produtivo, dialogam com essa nova agenda econômica mundial, querem trabalhar ao lado de quem produz. Guinada à esquerda seria se ele tivesse feito um avanço na troca de ministros de infraestrutura ou de programas sociais.

Em 2026, é importante o PT se aliar a partidos de centro no Nordeste?

Tenho defendido essa aliança no centro de maneira globalizada, ou seja, no país todo, sobretudo nos estados do Sul e do Sudeste. É preciso que a gente avance ainda mais nessas alianças para poder ampliar o número de deputados federais e, sobretudo, senadores, para que a gente possa trabalhar em 2026 em uma grande frente na eleição dos senadores da República.

O senhor será candidato ao Senado?

Quero agradecer todas as manifestações de apoio para que a gente possa disputar o Senado em 2026 em Pernambuco. Agora, nós vamos deixar para tratar disso na hora certa, no início de 2026.

O Republicanos estará com Lula em 2026?

Tenho respeito pela decisão que o partido venha a tomar. O presidente Marcos Pereira tem colocado para toda a bancada e para mim que 2026 só em 2026. Está muito cedo agora, a hora é de ajudar o Brasil, é de ajudar a aprovar as matérias de interesse do país. Eu, Silvio Costa Filho, estarei ao lado do presidente Lula.

E se o Tarcísio disputar o Planalto em 2026, será um constrangimento para o senhor?

Está cedo. O governador Tarcísio, todas as vezes em que eu estive com ele, tem colocado que é candidato à reeleição no estado de São Paulo. Tem feito um bom governo no estado. Ele vai ter pouco menos de quatro anos à frente da gestão, tem uma bela contribuição ainda a dar ao povo de São Paulo. O candidato dele, e ele disse isso publicamente, é o ex-presidente Bolsonaro, que hoje está inelegível. Mas a sinalização que a gente observa hoje é nessa direção.

Como o senhor vê a atuação de Tarcísio em defesa da anistia dos condenados pelos atos do 8 de Janeiro?

Respeito a posição do governador Tarcísio, tenho por ele muito apreço. Entretanto, discordo dessa pauta que ele defende. Eu acho que esse debate cabe ao Supremo Tribunal Federal, que precisa efetivamente identificar as tipificações de cada pena, daquele que está preso ou que foi denunciado no dia 8 de janeiro. Entendo que ele falou para setores mais bolsonaristas, que têm essa bandeira hoje como uma agenda institucional. Observei que o ato do ex-presidente Bolsonaro (em Copacabana) foi esvaziado. O que se observa claramente é que em nenhum momento foi apresentada uma proposta para o Brasil. O que foi colocado foram críticas e nada de pedagógico e de programático para o país. As informações sçao do portal O Globo.

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