Governador Romeu Zema, de Minas Gerais, se aproxima do bolsonarismo ao criticar o Supremo pelo 8 de Janeiro

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), fez um aceno ao bolsonarismo ao criticar o julgamento de uma das rés dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro. Pela primeira vez, Zema se posicionou publicamente em defesa de um dos acusados em um vídeo que recebeu curtidas até da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A gravação trata do julgamento virtual de Débora Rodrigues dos Santos, uma cabeleireira acusada de pichar a frase “Perdeu, Mané” na estátua da Justiça, posicionada em frente à Suprema Corte. Presa há dois anos, Débora tem sua pena analisada em plenário virtual. Até o momento, os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino votaram pela condenação a 14 anos de prisão. Os magistrados podem votar até  esta sexta (28).

Débora foi enquadrada em cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.

Para defender Débora, Zema comparou sua situação a outros casos, como a condenação do empresário Thiago Brennand a 10 anos e seis meses de prisão por estupro e a soltura do traficante André do Rap em 2019.

“Você acha isso justo? Parece que tem algo de errado com a Justiça do Brasil”, declarou o governador.

Débora foi presa pela Polícia Federal em março de 2023, no âmbito da Operação Lesa Pátria. Em novembro do mesmo ano, durante seu julgamento no STF, escreveu uma carta pedindo desculpas a Moraes, lida em audiência de instrução. No texto, afirmou que na época não sabia da importância da estátua, mas que depois conheceu a história da obra e de seu autor, o artista mineiro Alfredo Ceschiatti.

O posicionamento de Zema ocorre em meio a sua tentativa de se viabilizar como representante da direita nas eleições de 2026. Diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Zema e outros governadores são cogitados como possíveis candidatos ao Palácio do Planalto.

Embora tenha mantido embates com o governo federal, Zema costuma se distanciar das pautas mais radicais do bolsonarismo, apresentando-se como um nome da direita moderada. Desta vez, porém, alinhou-se ao discurso de Bolsonaro e seus aliados.

Uma possível explicação para essa mudança de estratégia está na troca de seu marqueteiro. No início de 2025, Zema substituiu Leandro Groppô, responsável por sua campanha em 2018, por Renato Pereira, profissional com experiência em campanhas de políticos tradicionais, como o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Desde então, Zema tem intensificado as críticas a Lula, em uma tentativa de ampliar sua projeção nacional. (Com informações do jornal O Globo)

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