Reta final: enquanto Maria do Rosário vai para tudo ou nada, Melo dá aula de como converter marketing político

Faltando apenas uma semana para o segundo turno das eleições municipais, o cenário de Porto Alegre é, no mínimo, curioso. Enquanto a candidata Maria do Rosário (PT) está indo para o tudo ou nada, com uma campanha ostensiva e utilizando da imagem do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB) está dando uma aula de marketing político. Ao invés de relevar ou rebater os insultos que o chamam de “chinelão”, o candidato à reeleição decidiu abraçar isso e usar a favor de sua campanha.

Não está muito certo quando começaram os insultos de “Melo chinelão”, pois, olhando em retrospectiva, parece que o termo remete aos primeiros meses do primeiro mandato. Porém, neste ano, o xingamento ganhou força tanto pelo contexto eleitoral quanto pela crise causada pelas enchentes. Certamente as demais candidaturas teriam usado isso… se o próprio prefeito não tivesse aparecido com um chinelo gigante no seu discurso de vitória no final do primeiro turno. “É Melo, de novo, o chinelão do povo”, acabou se tornando o slogan de sua campanha e nos últimos dias a imagem de chinelos gigantes predominam na corrida eleitoral. 

Por outro lado, a candidata petista não apareceu, até o momento, com nenhuma grande sacada eleitoral tanto no primeiro quanto no segundo turno. Sua campanha está apostando em conquistar os eleitores de Lula em Porto Alegre, tentando reduzir a rejeição apontada nas pesquisas. Maria do Rosário também passou a colar sua imagem no petista veterano Olívio Dutra, que chegou a participar de uma caminhada com a candidata neste fim de semana. Além destes aspectos, sua estratégia também está focada em ataques e críticas à gestão de Sebastião Melo, em um claro “ir com tudo e não pensar em mais nada”. 

Uma das situações mais divertidas para um gaúcho, especialmente porto-alegrense, é ter que explicar para pessoas de outros estados o que “chinelão” significa. Por mais que, de vez em quando, a expressão apareça de forma tímida em outros lugares, é aqui que este insulto tem um significado especial, sendo quase ultrajante. Portanto, conseguir reverter isso e usar como ferramenta em uma campanha política é digna de nota. Isso deixa os adversários e opositores quase atônitos com a ousadia. E parece que esta é, na reta final das eleições, a situação entre Sebastião Melo e Maria do Rosário.

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