MDB, PSD e PL disputam a maior fatia do eleitorado

A se confirmarem as pesquisas Quaest e Datafolha, o segundo turno só parece definido em cinco das 15 capitais que irão às urnas este domingo nas eleições municipais: São Paulo, Porto Alegre, João Pessoa, Belém e Aracaju. As duas primeiras indicam a reeleição dos prefeitos Ricardo Nunes e Sebastião Melo, ambos do MDB, e a terceira deve reconduzir a um novo mandato Cícero Lucena, do PP. Em Belém, o favorecido é Igor Normando (MDB) e, em Aracaju, a favorita é Emília Corrêa, do PL.

A combinação de resultados nas outras dez capitais e o desfecho do segundo turno em outras 36 grandes cidades, 17 delas em São Paulo, irá decidir entre PSD, MDB e PL qual será o partido a governar a maior fatia do eleitorado nacional. A resposta a essa pergunta tende a influir no processo eleitoral de 2026.

No primeiro turno o PSD ganhou o domínio sobre municípios que somam um eleitorado de 22 milhões. O PL garantiu o governo de 16 milhões de eleitores e o MDB, de 15 milhões. Mas estão em jogo neste domingo eleitorados que representam 68 milhões de votantes, ou 43% do total nacional.

O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro disputa um eleitorado de 13,9 milhões, mas está em desvantagem numérica nas pesquisas de Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Belém, Palmas e João Pessoa. Perdendo nessas cidades, não superará o PSD no ranking.

A disputa maior fica entre o PSD e o MDB. Para se consolidar como a principal base municipal do país, o partido do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab depende da vitória em Belo Horizonte do prefeito Fuad Noman (PSD), que lidera contra Bruno Engler (PL) por 46% a 39%, de acordo com o Datafolha, e do sucesso do vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) contra Cristina Graeml (PMB) em Curitiba. Pimentel terminou o primeiro turno com dois pontos percentuais a mais que a rival e de acordo com a última pesquisa Quaest está na dianteira por três pontos percentuais. A sigla ainda disputa o segundo turno em três cidades paulistas (Piracicaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos), Canoas (RS), Londrina (PR), Caucaia (CE), Olinda (PE) e Uberaba (MG). Caso ganhe em todas, poderá governar 28,2 milhões de eleitores.

O MDB, dos três, é quem está melhor posicionado: é favorito para ganhar em São Paulo, Porto Alegre e Belém, que sozinhas já somam 11,5 milhões de eleitores. O presidente nacional da sigla, deputado federal Baleia Rossi (SP), ainda aposta em vitórias em Diadema e Limeira, em São Paulo, e em Aparecida de Goiânia, em Goiás, e reconhece um cenário mais adverso em Santarém (PA), São José do Rio Preto (SP) e Uberaba (MG). A depender dos resultados do PSD, pode passar a liderar em eleitorado governado.

Nunes e Melo

As possíveis vitórias de Nunes e Melo fortalecerão dentro do MDB o campo que está mais distante do Palácio do Planalto e podem afastar a sigla de uma eventual aliança pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A prioridade da direção nacional é ampliar a bancada na Câmara dos Deputados e o resultado municipal aumenta o cacife do partido para negociar frente a uma esquerda enfraquecida e uma direita que pode se dividir. “Não tem nenhum jogo jogado na sucessão presidencial. Está bem em aberto”, afirmou Baleia.

A eleição municipal mostrou força da direita, mas sinalizou para uma possível divisão no futuro. O sinal mais emblemático está em Goiânia, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro entrou diretamente na campanha do segundo turno em favor de Fred Rodrigues (PL) para tentar derrotar Sandro Mabel (União Brasil), o candidato apoiado pelo governador Ronaldo Caiado. Rodrigues ficou em primeiro lugar no primeiro turno, mas a última pesquisa Quaest do segundo turno mostrou dianteira de Mabel.

A guerra goiana deverá ter consequências em 2026. Tornou mais difícil que Caiado e Bolsonaro joguem juntos na sucessão presidencial. O governador goiano, já em segundo mandato, tenta se viabilizar como presidenciável. Bolsonaro aposta em uma anistia ou uma reversão de decisão judicial para voltar a ser elegível dentro de dois anos. Um acordo de apoio mútuo é agora o cenário menos provável.

Fortalecido em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) terá dificuldades de administrar o condomínio político que lhe dá sustentação hoje, formado pelo seu partido e por PL, PSD, MDB e PP, caso decida se aventurar em uma eleição presidencial. As informações são do Valor Econômico.

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