Cooperativa Justa Trama alia economia solidária, geração de renda e sustentabilidade

Num mundo em que a indústria da moda é a segunda mais poluidora e acumula denúncias de exploração das pessoas, essa edição do Bem Viver, programa do Brasil de Fato, traz o trabalho da Cooperativa Justa Trama que mostra que é possível conciliar um negócio que é sustentável no meio ambiente, rentável na economia e justo nas relações de trabalho. Sua produção têxtil de algodão agroecológico encanta e vem crescendo nas últimas duas décadas. Hoje, reúne cerca de 700 cooperadas e cooperados, em cinco estados do Brasil.

Nasceu a partir da Cooperativa de Costureira Unidas Venceremos, a Univens, que promove renda de forma justa para mulheres da Zona Norte de Porto Alegre (RS). A costureira Patrícia Ribas viu sua vida mudar quando, há 25 anos, descobriu que poderia ter um trabalho mais gratificante na cooperativa.

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“Eu acho que ela empodera a gente. Assim, a gente faz parte de todo o processo, a gente produz e a gente aprende também a parte da administração toda. Então, tem outras oportunidades também da gente fazer além do nosso trabalho e na produção, que é o que que me cativou também”, conta.

Para ela, é um modo de trabalhar transformador. “Traz para a gente uma forma diferente de viver, de poder acompanhar nossos filhos, de poder acompanhar o crescimento da comunidade também. Então, assim, ele nos traz uma maneira de ver diferente, porque a gente valoriza o cuidado da natureza também, ele está incluído assim, né”.

A serigrafista Rose Silveira é mãe solo e também descobriu a economia solidária e o trabalho em cooperativa ao se somar com a Justa Trama e a Univens. “Esses cinco anos que eu estou aqui, descobri que eu posso ter um trabalho legal. Muito bom de trabalhar aqui em companhia de mais 25 cooperadas e fazer o meu próprio salário, e ter a minha própria renda”, afirma.

Ela ressalta a diferença que a cooperativa faz na vida da comunidade da periferia da capital gaúcha. Como a realização de cursos de formação para mulheres, crianças e a população em geral. O local também foi ponto de solidariedade durante as enchentes de maio, com distribuição de água, alimentos e móveis.

Mas para ela, o maior diferencial é o apoio às mulheres. “Principalmente para as mães solos e as mulheres de meia idade. Aqui na comunidade, por exemplo, têm muitas mulheres de meia idade e que não tem aquele estudo, não estudaram, não se formaram, não tiveram uma faculdade. E enquanto economia solidária, ao juntar-se às cooperativas, elas têm a chance também de ganhar um salário digno para levar a renda para suas casas, suas famílias”.

Outro modelo de desenvolvimento

O algodão tradicional é a quarta cultura que mais usa agrotóxicos no Brasil. Na contramão da grande indústria, a presidenta da Cooperativa Justa Trama, Nelsa Nespolo, explica que a economia solidária não é apenas um modo de vida, mas um modelo de desenvolvimento diferenciado.

“A gente acredita num mundo que seja possível você ter o seu ganho, mas ao mesmo tempo respeitar o meio ambiente, preservar o meio ambiente. E que é possível a gente dividir esse resultado de uma forma justa, e que ele não está longe do território onde você está”, afirma.

Rede presente em cinco estados

A Justa Trama reúne duas associações e três cooperativas. O algodão sem veneno é produzido por pequenos agricultores do Ceará e do Rio Grande do Norte. É transformado em fio e tecido em Minas Gerais e vira roupa no Rio Grande do Sul. Já os botões são feitos em Rondônia. O resultado final é de encher os olhos.

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Mostrando roupas de algodão agroecológico expostas na loja física, que fica na sede da cooperativa, Nelsa conta que a produção é comercializada em feiras, em diversas cidades do país. “Tem vestido, calça, camiseta, camisa. Com os retalhos, a gente faz bonecas, faz bichos, jogo..”

Ela ressalta que a venda costuma ser direta, com o objetivo de falar com o público. “A gente quer que as pessoas tenham informação do que elas estão comprando.” Mas também pode ser online, no site justatrama.com.br. “A gente pode mandar para todos os lugares do Brasil. A gente tem Instagram, tem Facebook, então poder se comunicar com a população para que todo mundo possa ter acesso”, completa.

Enxovais agroecológicos para o SUS

Em março deste ano, como um presente que chegou no mês de luta das mulheres, a cooperativa Justa Trama obteve uma grande conquista. Ela foi a selecionada em edital do Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre, 100% SUS, para fornecer enxovais agroecológicos para seus hospitais.

A Coordenadora de Hotelaria do Hospital Criança Conceição, Vanessa Bonilha, reconhece os benefícios do produto. Ela conta que, após testes, foi confirmada a melhor qualidade para os usuários. “ele transpira, tem uma melhor qualidade, durabilidade também”.  


Justa Trama fornece enxovais agroecológicos para hospitais do SUS no Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre (RS) / Rafael Dotti/Brasil de Fato

O uso começou em áreas estratégicas. “Por ele ser um material agroecológico e não ter agrotóxico, ele é o produto ideal para onde tenha pacientes com peles sensíveis. Como UTI, queimados, áreas de oncologia. Então aqui nós iniciamos na oncologia e na UTI pediátrica. Hoje nós estamos ampliando já para outros setores”, revela.  

Com a entrega mensal de 600 lençóis e fronhas, todo o Hospital da Criança estará usando os produtos da Justa Trama até março de 2025. Um ganho na qualidade e conforto para quem necessita dos cuidados do Sistema Único de Saúde, e que carrega uma nobre motivação.

“A ideia veio de uma iniciativa mesmo do Grupo Hospitalar Conceição, em apoiar a economia solidária. Em fazer algo que fosse apoiar essa sustentabilidade e também um apoio às trabalhadoras”, declara Vanessa.

“Uma grande conquista”

As trabalhadoras da Justa Trama celebram a parceria com o hospital. “Eu acho que é uma grande conquista, sabe? A economia solidária participando das compras públicas. Por que que o dinheiro público tem que comprar só produtos de empresas privadas?”, questiona Nelsa.

A presidenta da cooperativa lembra que o Brasil tem mais de 20 mil iniciativas em economia solidária no campo e na cidade. “Que precisam avançar! E a gente está vivendo um momento especial, a gente teve uma lei aprovada de economia solidária depois de 12 anos, a uma lei que torna pública a economia solidária dentro de uma compreensão de Estado também, para que possa ter mais recurso profundo. Para acessar as políticas públicas.”

A costureira Patrícia resume a satisfação de todas que fazem parte dessa cadeia de trabalho da economia solidária. “É um trabalho bem intenso, bem grande, mas é muito bom”. A gente tem muito orgulho de poder também ajudar a comunidade, e a nós todos aqui.”

E tem mais…

O Bem Viver traz também a história do método de ensino que transformou Cuba em um território livre do analfabestimo. Um modelo que pode ser replicado por todo o mundo.

Os modos de fazer o queijo, marca de Minas Gerais, são reconhecidos pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Para continuar com água na boca, Gema Souto apresenta uma receita de bombocado que leva fubá entre os ingredientes.

Tem uma Dica de Saúde para deixar as crianças longe das telas durantes as férias, com passeios que estimulam a criatividade, promovem intereção social e atividades físicas.
 
E você vai conhecer ainda o primeiro museu dedicado ao reggae fora da Jamaica, lá em São Luis (MA).

Quando e onde assistir? 

No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.

Na TVT: sábado às 13h30; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.

Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital. 

Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET. 

Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET. 

Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital. 

Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET. 

TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17. 

Sintonize

No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.

O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.

Fonte: BdF Nacional


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