Trabalho decente e redução da jornada de trabalho são temas de debate do FSM em Porto Alegre

Discussões sobre trabalho decente e as articulações para a redução da jornada trabalhista foram temas no Seminário Internacional Democracia, Equidade e Justiça Socioambiental na última terça-feira (21), no auditório do Sindbancários, em Porto Alegre (RS).

Estiveram presentes Claudir Nespolo, superintendente regional do trabalho no Rio Grande do Sul, Lucia Garcia, pesquisadora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Marcelo D’Ambroso, desembargador federal do trabalho e Luiz Alberto de Vargas, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4).

Lucia Garcia pontuou o feminismo classista e a jornada tripla das mulheres com ênfase no tempo do trabalho e na distribuição da jornada ao longo do dia, mês e ano e também elencou dados a respeito dos impactos já reconhecidos do digitalismo no trabalho.

“Temos hoje trabalhadores esgotados, conectados, vigiados e performando afetos”, destacou. Segundo ela, regular a jornada de trabalho é fundamental para o atual capitalismo digital.

Marcelo D’Ambroso discorreu acerca do aprofundamento do ataque ao direito do trabalho, e da desconexão da classe trabalhadora com sindicatos, que gera cada vez mais perda de direitos, como o que acontece no ‘modelo uber’. Também aponta a desinformação e manipulação da opinião pública, que reforça a importância dessa ser uma pauta unificada, pois a ilusão da insubordinação das plataformas, que gamificam o trabalho, exploram mais o trabalhador do que as empresas.

Segundo ele, o conceito de trabalho decente não é igual a trabalho digno, pois na origem, trabalho digno traz perspectiva de ascensão social, portanto é preciso buscar melhores salários e condições que permitam mobilidade social.

Claudir Nespolo, superintendente regional do Trabalho no Rio Grande do Sul, relatou sobre uma ação tripartite do Ministério do Trabalho para debater sobre a dignidade trabalhista para trabalhadores terceirizados. Para ele, a relação que existe entre o ambiente do trabalho submete o trabalhador à insegurança.

O desembargador Luiz Alberto de Vargas comentou ainda a posse de Donald Trump e os impactos de seu discurso, assim como a comunicação manipuladora e a mobilização pelas fake news. Vargas também questionou a falta de greves no Brasil, uma vez que o trabalhador que se vê como empresário é explorador de seus próprios colegas. Ele lembrou que é importante que o trabalhador veja qual lugar ele está ocupando na sociedade, especialmente os trabalhadores de plataformas, uma vez que estes não são empresários, mas igualmente explorados.

 

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