Com manifestação do Papa e visita de comitiva de Brasília, RS registra 78 mortos após temporais


Domingo (5) foi marcado por presença e manifestação de autoridades, além de evacuação e gesto de solidariedade. Defesa Civil confirmou mais de 70 óbitos e 105 desaparecidos. Rio Grande do Sul vive o maior desastre natural de sua história
Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril já causaram a morte de 78 pessoas, além de quatro ainda em investigação, segundo a Defesa Civil. Os transtornos causados pela chuva geraram manifestações de autoridades e visitas de Brasília ao estado.
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Além das mortes, 105 pessoas estão desaparecidas e 175 feridas. A Defesa Civil registra 134,3 mil pessoas fora de casa, sendo 18,4 mil em abrigos e 115,8 mil desalojadas, que recebem abrigo nas casas de familiares ou amigos. Ao todo, 341 dos 496 municípios do Rio Grande do Sul tiveram algum tipo de problema, afetando 844 mil pessoas.
As águas do Guaíba tomam conta do Centro na cidade de Porto Alegre neste sábado 04/05/2024.
MAXI FRANZOI/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
A Defesa Civil, que divulgava a informação da cidade em que foi registrada cada óbito, não divulgou este dado no boletim de domingo (5), às 18h. Segundo o órgão, em razão da alta demanda de alertas, a sobrecarga impossibilitou a divulgação.
Manifestação do Papa Francisco
Papa Francisco menciona vítimas dos temporais no Rio Grande do Sul durante a missa dominical do Vaticano
O Papa Francisco manifestou solidariedade ao Rio Grande do Sul durante a missa dominical no Vaticano neste domingo (5). Ele mencionou as vítimas e familiares das chuvas que ocorrem no estado.
“Faço minhas preces à população do estado do Rio Grande do Sul no Brasil, afetada por uma grande inundação. Que o Senhor receba os que se foram e conforte os familiares e aqueles que tiveram que deixar suas casas”, disse.
Visita de Brasília
Em visita ao RS, Lula fala sobre situação da enchente no estado
A tragédia trouxe ao Rio Grande do Sul 18 autoridades de Brasília neste domingo (5). Sobrevoaram de helicóptero a Capital e a Região Metropolitana da cidade o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Edson Fachin, além do governador do RS, Eduardo Leite (PSDB).
À tarde, durante uma manifestação à imprensa, o presidente afirmou que não haverá ‘impedimento da burocracia’ para recuperar o estado.
“A gente deve muito ao Rio Grande do Sul sob todos os aspectos. Queria dizer ao povo gaúcho: o que estamos fazendo é dando ao Rio Grande do Sul aquilo que ele merece. Se ele sempre ajudou o Brasil, eu acho que está na hora de o Brasil ajudar o Rio Grande do Sul”, afirmou Lula.
Para a ocasião, o presidente também trouxe ao estado 14 ministros, com quem se reuniu e cobrou ações para socorrer o Rio Grande do Sul. Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, solicitou um plano de prevenção para evitar desastres climáticos.
Porto Alegre e Região Metropolitana
Entorno do Mercado Público de Porto Alegre, no Centro da capital gaúcha, alagado no dia 4 de maio de 2024
Renan Mattos/Reuters
Na capital gaúcha, o nível do Guaíba já superou a cota de inundação e atingiu 5,3 metros na manhã deste domingo (5), às 7h.
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, deve se manter acima do limite para inundação (3 metros) e permanecer em cerca de 4 metros pelos próximos dez dias, segundo a projeção do professor da UFRGS Fernando Mainardi Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH).
Na sexta-feira (3), o Guaíba já havia ultrapassado a marca histórica de 4,76 metros, registrada no ano de 1941, a maior da história da capital. Em razão disso, ruas, casas e estabelecimentos ficaram alagados e até submersos em algumas regiões.
Temporal no RS: estação rodoviária de Porto Alegre alagada
Reprodução/RBS TV
A rodoviária da capital ficou inundada e todas as viagens de chegada e saída da cidade foram canceladas. Já o Aeroporto Salgado Filho foi fechado “devido ao elevado volume de chuvas”.
No bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, a Prefeitura de Porto Alegre pediu para que moradores deixassem suas casas e fossem ao Teatro Renascença no bairro Menino Deus, que se tornou triagem para encaminhamento a abrigos temporários.
Rua submersa no bairro Sarandi
Reprodução/RBS TV
Residências e comércios do bairro estão submersos, assim como parte da principal avenida da região, a Assis Brasil, em razão da água que se acumula tanto pelo Rio Gravataí quanto pelo Arroio Feijó no dique.
Já em Canoas, no bairro Mathias Velho, um grupo de voluntários fez um cordão humano para resgatar pessoas ilhadas em razão das chuvas. Registros mostram pessoas formando uma corrente para puxar os barcos de resgate na noite de sábado (4).
Voluntários fazem ‘cordão humano’ para resgatar pessoas ilhadas em Canoas
Segundo a prefeitura do município, cerca de 180 mil pessoas foram atingidas chuvas. Deste, 145 mil são em Mathias Velho, Mato Grande, Rio Branco, Fátima, Harmonia e São Luís.
Causas dos temporais
Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas.
Homem observa estrada inundada perto do rio Taquari durante temporal na cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul
Diego Vara/Reuters
A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.
Previsão do tempo
Na segunda-feira (6), a previsão do tempo indica uma trégua no estado, com sol entre nuvens. A maior parte do RS deve ter uma “janela de bom tempo” entre domingo (5) e terça-feira (7), com exceção do extremo Sul, onde está prevista a chegada de uma frente fria. As chuvas devem retornar ao RS na próxima quarta-feira (8).
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