Papa Francisco: médicos consideraram interromper tratamento e deixá-lo morrer

O Papa Francisco chegou tão perto da morte em um momento de sua luta no hospital contra uma pneumonia que seus médicos consideraram encerrar o tratamento para que o pontífice de 88 anos pudesse morrer em paz. É o que revelou o chefe da equipe médica do papa, em entrevista ao jornal italiano “Corriere Della Serra”, nesta terça-feira (25).

Sergio Alfieri, que esteve ao lado do papa pelos 38 dias de internação até a alta no último domingo (23), contou que o momento mais crítico ocorreu no dia 28 de fevereiro, quando Francisco teve uma grande piora em seu estado de saúde.

“Foi o pior momento. Pela primeira vez vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor. Pessoas que, percebi durante esse período de internação, o amam sinceramente, como um pai. Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado ainda mais e que havia um risco real de que ele não sobrevivesse”, relembrou.

Segundo Alfieri, o pontífice, que estava consciente todo tempo, sabia que estava mal e falou: “Está ruim”.

“Mesmo quando sua condição piorou, ele estava totalmente consciente. Aquela noite foi terrível. Ele sabia, assim como nós, que talvez não sobrevivesse àquela noite. Vimos que estava sofrendo. Mas desde o primeiro dia ele nos pediu para lhe contar a verdade. Nunca nada foi modificado ou omitido”, afirmou.

Na ocasião, disse o médico, foi Massimiliano Strappetti, assistente pessoal que o pontífice deixou responsável por todas as decisões sobre sua saúde, que decidiu tentar de tudo para salvá-lo apesar do risco de novas complicações:

“Tivemos que escolher entre parar e deixá-lo ir, ou forçá-lo e tentar todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo o risco muito alto de danificar outros órgãos. E no final nós tomamos esse caminho. Massimiliano Strappetti disse: ‘Tente de tudo, não desista’. Foi o que todos nós pensamos também. E ninguém desistiu”.

De acordo com Alfieri, houve um segundo momento em que Francisco correu grande risco, quando o papa broncoaspirou enquanto se alimentava.

“Foi o segundo momento realmente crítico (…). Posso dizer que duas vezes a situação foi perdida e então aconteceu como um milagre”, comemorou.

O médico, que agora está de volta às suas obrigações no Hospital Gemelli, acredita que as orações recebidas pelo pontífice e também seu bom humor foram os responsáveis pela recuperação:

“Ele costuma dizer: ‘Ainda estou vivo’ e, imediatamente, acrescenta: ‘Não se esqueça de viver e manter o bom humor’. Ele tem um corpo cansado, mas a mente é a de um homem de 50 anos”.

Nesta terça-feira (25), o Vaticano falou sobre o estado do pontífice, dois dias após sua alta. De acordo com comunicado, Francisco prossegue com a terapia farmacológica e a fisioterapia, em particular a reabilitação respiratória “para recuperar completamente o uso da respiração e da fala”.

Segundo a assessoria de imprensa da Santa Sé, o papa vem concelebrando a missa na capela do segundo andar da Casa de Santa Marta, onde vive. Nos últimos dois dias, ele não recebeu visitas “além de seus colaboradores mais próximos” e não há previsão para uma nova aparição pública.

Após quase 40 dias internado, o Papa Francisco recebeu alta no domingo (23). Antes de deixar o hospital em direção ao Vaticano, o pontífice apareceu na sacada e acenou para os fiéis.

Após voltar para casa, Francisco terá que manter alguns cuidados e ficar em repouso por dois meses. Ele também terá de ser submetido a tratamentos de fisioterapia respiratória e exercícios de fala — os médicos disseram que ele está com a voz afetada por conta do período prolongado em que recebeu auxílio de oxigênio de alto fluxo através de equipamentos não invasivos. As informações são do portal de notícias g1.

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