Aécio Neves descarta incorporação a outro partido e diz que o PSDB não pode se render a interesses regionais

Filiado ao PSDB desde os 27 anos, o deputado federal Aécio Neves (MG) classifica como “desrespeitosa” a proposta de incorporação do partido e afirma que a legenda “não está à venda” nem pode ser medida apenas pelo tamanho “circunstancial” de sua bancada.

Sem mencionar Gilberto Kassab, presidente do PSD e com quem os tucanos negociavam a incorporação, Aécio faz um alerta para que os tucanos não caiam no “canto da sereia” em razão de interesses regionais.

“O PSDB não vai acabar, não vai morrer, contra até o que torcem alguns. Ainda vamos construir um projeto ao centro, no qual tenhamos um papel ativo, com nosso programa, identidade e propósitos preservados. Até porque, ao contrário do que aconteceu em 2018 e 2022, acredito que a avenida do centro vem se ampliando. As eleições de 2024 mostraram isso: os extremos não foram vitoriosos. O PSDB precisa se manter ativo e altivo no fortalecimento desse campo de equilíbrio — que é o mesmo que votou em mim em 2014, que elegeu o presidente Fernando Henrique e que aguarda a apresentação de uma alternativa”, afirmou.

O partido está diante de uma encruzilhada: enquanto debate seu futuro, os governadores Raquel Lyra (PE), Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS) pressionam por uma definição e já flertam com outras siglas, ameaçando deixar o PSDB sem um Executivo Estadual.

“O PSDB não vai subordinar ou submeter seu futuro à satisfação de interesses regionais, por mais legítimos que sejam. Portanto, afirmo: o PSDB não será incorporado por nenhuma outra força política. O que estamos discutindo é a soma de forças, que pode eventualmente resultar em uma fusão com outros partidos de centro”, afirmou o deputado em entrevista ao Estadão.

Para Aécio, que disputou a Presidência em 2014 contra Dilma Rousseff (PT), a “avenida do centro” vem se ampliando e qualquer acordo do PSDB com outro partido deve garantir a independência da sigla para liderar um projeto alternativo no Brasil em 2026.

“Eu sou absolutamente contrário à incorporação do PSDB por qualquer partido, porque eu compreendo que o PSDB ainda tem um papel extremamente relevante a desempenhar. Somos o único partido que se manteve distante do governo Bolsonaro. E pagamos um preço alto por isso. Não participamos do governo Bolsonaro nem do governo Lula, porque queremos construir um projeto alternativo para o Brasil. Se sucumbirmos a cantos da sereia em razão de questões regionais e submetermos esse projeto de País, estaremos traindo os ideais e a história do PSDB”, disse. (Estadão Conteúdo)

 

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